O Sistema Único de Saúde (SUS) perdeu quase 15 mil leitos de internação de 2010 a julho deste ano. Do ano passado para cá, foram praticamente 2 mil unidades desativadas. Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), elaborado com base no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o país tem hoje 321,6 mil suportes para pacientes que precisam ficar mais de 24h internados. Em 2010, eram 336,2 mil. Por outro lado, a quantidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) teve crescimento de 12%, chegando a 27,14 mil, bem como os de repouso e observação, destinado aos pacientes atendidos em urgência ou ambulatório.

Em 2013, o CFM havia mostrado essa tendência. De acordo com a entidade, a especialidade que teve mais leitos desativados é a pediatria cirúrgica: menos 7.492. Em seguida, está a psiquiatria (-6.968), obstetrícia (-3.926) e a cirurgia geral (-2.359). As unidades de internação que tiveram aumento foram as destinadas a clínica geral, ortopedia e traumatologia. A região Sudeste foi a que teve a maior redução no período puxada, principalmente, pelo Rio de Janeiro, onde quase 6 mil vagas foram desativadas. Depois, está o Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte. O Sul teve um crescimento de 417.

O vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, considera dramática a situação. “São leitos de retaguarda. O paciente que precisa operar de forma eletiva não tem leito. Então, os pacientes ficam internados em prontos-socorros. Isso impacta em todo o sistema. As Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) estão virando depósitos de doentes de urgência e emergência”, dispara.

Tendência

O Ministério da Saúde informou que a redução é uma tendência mundial. Os índices da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram, por exemplo, a diminuição de leitos no Reino Unido. No país, que também tem modelo universal de saúde e serve de exemplo para o SUS, houve redução de 26% de 2003 para 2012. A pasta explica também que alguns procedimentos passaram a ser ambulatoriais por causa do investimento em outras políticas, como a saúde básica e as UPAs.

O vice-presidente do CFM, entretanto, critica a política da saúde mental e afirma que as UPAs acabam sendo usadas para internar os pacientes. “É uma desassistência total com esses pacientes (da saúde mental). Eles não têm para onde ir. Os Caps estão superlotados. E o governo quer contar UPA como leito. Caso haja falta de leitos de retaguarda, cabe acionar o Ministério Público para que o governo compre vaga na rede privada para colocar os pacientes do SUS.”

Fonte: Correio Braziliense

Facebook Instagram
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.