As quedas com diferença de nível representaram 10,6% dos registros de acidentes de trabalho reportados pelas empresas ao INSS no ano passado. Segundo dados do órgão, das 349.579 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) entregues em 2017 referentes a acidentes típicos e doenças, 37.057 foram relacionadas a quedas.

As quedas com diferença de nível chamam atenção pela gravidade. Quando contabilizados os acidentes fatais de trabalho, as quedas respondem por um percentual ainda maior: 14,49% do total. No ano passado, 161 das 1.111 mortes em ambiente de trabalho foram causadas por esse tipo de ocorrência. Por esse motivo, a Campanha Nacional de Prevenção a Acidentes de Trabalho de 2018 (Canpat), lançada pelo Ministério do Trabalho no dia 4 de abril, decidiu dar ênfase ao problema. O Conselho Federal de Medicina (CFM) é um dos parceiros, junto com entidades como a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Serviço Social da Indústria (SESI), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Advocacia-Geral da União (AGU) e outras.

Para a diretora do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, Eva Patrícia Gonçalo Pires, a prevenção desses acidentes é um tema relevante em função do grande número de óbitos. “As quedas continuam representando uma das principais causas de acidentes graves e fatais. Ocorre que a prevenção desse tipo de acidente está muito bem definida, especialmente após a entrada em vigor da NR-35, que trata do trabalho em altura”, salienta.

Os locais onde mais ocorrem acidentes por queda são na construção civil, transporte de carga, comércio, hospitais e similares. Os principais agentes causadores desses acidentes são escadas (móveis, fixadas ou permanentes), andaimes e plataformas de edifícios ou estruturas e veículos motorizados (quedas de caçambas de caminhões, por exemplo). Das 161 mortes causadas por queda em 2017, 56 foram de trabalhadores que caíram de andaimes e plataformas e 34 de veículos – juntos, esses registros representaram 55,90% dos óbitos.

Os motoristas de caminhão são os profissionais que mais se acidentaram em quedas com diferença de nível em 2017 e lideram o número de mortes. Foram 1.782 acidentes e 16 óbitos. Mas somados os números de acidentes e óbitos causados por quedas, os trabalhadores da construção civil (serventes de obras e pedreiros) ultrapassam os motoristas, com 1.796 acidentes e 24 mortes.

Segundo o auditor-fiscal do Trabalho Jeferson Seidler, assistente-técnico do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, as Comunicações de Acidente de Trabalho não detalham a dinâmica dos acidentes registrados, mas considerando as análises realizadas pelo Ministério do Trabalho, as quedas mais graves entre os motoristas de caminhão ocorrem durante a manipulação da carga e na subida e descida da carroceria.

“A prevenção deste tipo de acidente se dá pela manipulação da carga apenas em locais adequados, com a instalação de cabos de aço (linha de vida) ou outros pontos seguros de ancoragem para o uso adequado de cinto de segurança contra quedas. Outra medida importante é, a depender do tipo de carga, a instalação de plataformas adequadas por parte dos embarcadores”, explica o auditor.

As obras da construção civil também oferecem múltiplos riscos de quedas, sejam de andaimes, passarelas, aberturas nos pisos dos andares ou vãos de elevadores. As medidas de proteção para prevenir acidentes nessa área estão especificadas na NR-18 que estabelece diretrizes sobre as condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil. Também merecem destaque as Recomendações Técnicas de Procedimento da Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), que detalham as medidas de prevenção mínimas para o cumprimento da NR-18.

Nas demais atividades predominam as quedas em escadas, inclusive as comuns dos prédios e locais de trabalho. A prevenção dessas quedas depende de dois fatores principais: instalação e manutenção de corrimão e fitas ou outros processos antiderrapantes e treinamento constante para o uso rotineiro do corrimão. “Em qualquer escada, em qualquer situação, quando a pessoa tem o costume de sempre descer ou subir escadas segurando no corrimão, o risco de quedas é extremamente reduzido”, explica Jeferson Seidler.

Uma das ações da Canpat 2018 foi a publicação do Manual Consolidado da NR-35 que traz orientações para empresas, trabalhadores e sociedade sobre os cuidados necessários para a redução dos riscos de quedas nas tarefas realizadas acima de dois metros de altura do solo.

Os acidentes com quedas acontecem, na maioria das vezes, quando as normas de segurança são desrespeitadas e podem causar lesões simples, incapacitações permanentes e temporárias e, muitas vezes, a morte. Dos dez principais problemas decorrentes de quedas, cinco foram fraturas, a maioria nos membros inferiores e superiores do corpo.

VEJA OS DEZ PRINCIPAIS ACIDENTES PROVOCADOS POR QUEDAS

Entorse e distensão do tornozelo

2997

Fratura da extremidade distal do rádio

1064

Contusão do joelho

892

Fratura do calcâneo

512

Fratura de ossos do metatarso

511

Contusão do ombro e do braço

423

Fratura ao nível do punho e da mão

414

Entorse e distensão do tornozelo

338

Contusão do tornozelo

324

Fratura da clavícula

324

 

 Sobre a campanha – O objetivo do ministério com a Canpat é chamar atenção para a prevenção de acidentes e adoecimentos que vitimizam trabalhadores diariamente. Em 2017, de acordo com números preliminares do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), foram concedidos 196.754 benefícios a trabalhadores que precisaram ser afastados das atividades profissionais por mais de 15 dias devido a algum problema de saúde ocasionado pelo trabalho. A média foi de 539 afastamentos por dia.

O CFM é uma das instituições parceiras dessa iniciativa. Para o presidente da autarquia, Carlos Vital, “os médicos têm papel primordial não somente para a prevenção dos acidentes e das doenças do trabalho, mas para a promoção da saúde e da qualidade de vida de indivíduos e do coletivo de trabalhadores. Com a nossa participação na Canpat, buscamos mobilizar e sensibilizar a comunidade médica e a sociedade sobre o tema”.

Fonte: Ministério do Trabalho/edição CFM

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