Jacqueline Lopes “O presídio é o espaço da miséria humana”, diz o sociólogo Paulo Cabral. O entendimento de que o detento deva pagar também com muito sofrimento pelo crime cometido é, segundo o especialista, uma visão ressentida e vingativa da sociedade e que atinge principalmente os mais pobres, maioria dentro das unidades prisionais brasileiras. “Se alguém acha que a vida do presídio é boa, que vá fazer uma visita na Máxima. Lá, provavelmente terá uma idéia do que é um inferno a começar pelo odor, cheiro fétido, falta de iluminação, alimentação”. Cabral diz que a sociedade comete um equívoco ao querer punir com a superlotação e a falta de atendimento à saúde os presos num sistema que, segundo ele, não dá chance alguma de recuperação. “Isso seria extrapolar a punição se a gente quer uma sociedade justa. Curiosamente ninguém se revolta quando o Nicolau dos Santos Neto (juiz Lalau) ia para o médico. Preso rico pode ter o direito. Agora o preso pobre, que é a grande maioria não?”. “A Constituição garante direito à saúde a todos sejam detentos ou não. É preciso respeitar os limites da lei”. SUS O sociólogo, que atua na área do ensino da saúde na Anhanguera, disse que há todo um segmento da mídia que alimenta a visão ressentida e vingativa contra os detentos. “Há uma percepção facistóide alem de privar a liberdade sofrer mais penas e extrapolar o ordenamento jurídico”. Diante da polêmica que coloca em choque duas situações, a dos presos doentes que são socorridos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e a dos não presos que também buscam auxílio no sistema público. Segundo ele, jornalistas policiais estimulam a “sanha popular” que se posiciona contrária aos atendimentos dados à massa carcerária já que não há um sistema de saúde ideal, embora o SUS seja um excelente programa, frisa. “As conquistas são extraordinárias e nem sempre são mostradas. O SUS contraria interesses econômicos. Antes, o Inamps comprava serviços do setor privado. Temos que aprimorar o SUS porque ele não é política de governo e sim, de Estado”, finaliza. (fonte: jornal Midiamax News – 26.07.2008)

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