Fernanda Mathias e Renato Lima A proposta de mudança de horário de Mato Grosso do Sul, adiantando em 1 hora, para equiparar ao de Brasília (DF) repercute de forma bastante diferente conforme a classe social das pessoas e setores da economia. Pessoas com menor renda são contrárias à mudança. Os setores de Indústria e Comércio são os que mais a apoiam. É o que mostra pesquisa desenvolvida pela Uniderp/Anhanguera, divulgada nesta sexta-feira. Na pesquisa 67% das pessoas com ensino fundamental incompleto e 62% das pessoas com ensino médio incompleto se manifestaram contrárias à mudança do fuso horário em Mato Grosso do Sul. “Outras não aprovações à mudança aparecem para 44% das pessoas com renda familiar menor que R$ 830,00. Isto indica que as classes econômicas D e E não são favoráveis à mudança do horário do Estado”, ressalta o pesquisados do Nepes, Celso Correia de Souza. Clebis Souza Vicente, de 28 anos é padeiro há 10 anos e se reveza em dois turnos de 0 às 8 horas e de 4 às 12 horas. Como mora próximo do local de trabalho ele costuma ir à pé e diz que se sente mais vulnerável por ainda estar escuro. Com o horário adiantado ele acredita que se sentirá mais inseguro. O padeiro conta que dorme apenas 4 horas por noite e acredita que seu sono será prejudicado caso a mudança ocorra. O presidente da Fetricon (Federação dos Trabalhadores na Construção Civil de Mato Grosso do Sul), João Gomes, afirma que o alinhamento de horário é positivo para o setor, mas pondera que a maioria dos trabalhadores, que atua na informalidade – cerca de 60% – deve sair prejudicada. Isso porque sem o contrato estabelecendo as horas trabalhadas eles continuarão entrando no mesmo horário, mas sairão mais tarde, no pôr do sol. “Para o trabalhador que está registrado e tem um número de horas determinado para trabalhar não vai ter problemas, porque provavelmente ele deve entrar uma hora mais tarde ou sair uma hora mais cedo”, explica. “Esse horário que tem hoje é melhor. Se mudar, vai atrapalhar o rendimento do serviço”, diz Ivo Ribeiro, de 32 anos, pedreiro há 15 anos. Ele conta que costuma acordar 5h30 para estar na obra às 7 horas e acha que o adiantamento do relógio vai prejudicar seu sono e conseqüentemente afetar o seu desempenho. Na amostra coletada para a pesquisa, 67% dos sul-mato-grossenses se mostraram favoráveis à mudança do fuso horário, equiparando-o com o de Brasília. O pesquisador explica que há um viés porque a pesquisa foi aplicada pela internet a amostra acaba tendo em sua maior parte pessoas com melhor renda, não aparecem tantos participantes das classes D e E. Os homens indicaram um nível de aprovação de 71%, maior do que a das mulheres (62%). Setores – Quanto ao setor de atividade econômica, são a favor da mudança 76,5% das pessoas relacionadas com a Indústria; 76,3% ao Comércio; 68,1% aos Serviços e 61% a Agropecuária. “Mais de 41% das pessoas ligadas a Administração Pública são contra a alteração do fuso horário local”, fala Reis. De acordo com dados da pesquisa, 95% entendem que se a mudança se confirmar deve-se adiantar os relógios em uma hora e para 63% deles isto será normal. “Todavia 25% dizem que isto será confuso e para 12% será indiferente a alteração do horário”, acrescenta José Francisco. Os pesquisadores informam que as pessoas estão conscientes que acrescentar mais uma hora nos relógios será: indiferente na sua hora de almoçar (31%), jantar (37%), no atendimento bancário (28%), no funcionamento do comércio (28%), viagens (34%) e no lazer (34%). “Porém, a mudança do fuso horário irá afetar a hora de acordar (51%), ir à escola (45%), assistir TV (47%), os negócios com os outros Estados (45%) e ir às aulas na universidade (41%)”, pontuam. De acordo com os entrevistados, acordar será mais difícil para as mulheres (55%) do que para os homens (48%). Isto também acontecerá com os menores de 18 anos (63%), os casados (52%), os com renda familiar até R$ 830 (56%) e as pessoas com nível de escolaridade média incompleta (77%). “Acordar ‘mais cedo’ será mais difícil para 55% das pessoas com atividade econômica na Administração Pública e para 52% daqueles que atuam no setor de Serviços”, aponta o coordenador da pesquisa. “As percepções de maior sofrimento com a mudança são destacadas para as pessoas mais velhas (39%), os estudantes (38%), os trabalhadores (37%) e para os habitantes das grandes e pequenas cidades (28%). Os respondentes indicam que os trabalhadores da Administração Pública (43%) e da Agropecuária (42%) poderão sofrer mais com a mudança do fuso horário, enquanto que para os trabalhadores da Indústria (54%) isso será indiferente, ou seja, o novo horário não irá fazê-los sofrer menos ou mais”, diz José Francisco. Outro conceito avaliado na pesquisa está relacionado às atitudes de comportamento e relação com o biorritmo que poderiam ser afetados com a mudança do horário. “A maioria da população (56%) indica o uso do relógio somente para o controle dos compromissos e a mudança no relógio, acrescentando mais uma hora, irá interferir na adaptação solar para 41% dos respondentes. Já com referência a mudança do horário e o biorritmo pessoal, 41% dizem não serem controlados pela hora solar e para 52% a hora solar não determina suas atividades pessoais”, conclui José Francisco. (fonte: jornal Campo Grande News – 01.08.2008)

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