Durante o período da tarde da programação comemorativa dos 80 anos de fundação do Conselho Federal de Medicina (CFM), na sede da autarquia, em Brasília, o assessor da área internacional do Colégio Médico da Espanha, José Ramón Huerta, e o diretor de serviços de coordenação das relações internacionais ministério da saúde de Portugal, Francisco Pavão, falaram sobre ética médica universal e redes globais de cooperação em saúde.
Em sua exposição, Huerta abordou o tema “Ética Médica além das Fronteiras: é possível uma regulamentação universal?”. Ele resgatou documentos históricos como a Declaração de Genebra, a Declaração de Helsinque, a Convenção de Oviedo e a Declaração Universal da Unesco sobre Bioética e Direitos Humanos, apontando a necessidade de uma convergência flexível entre princípios universais da ética médica e as especificidades culturais, religiosas e legais de cada país.
“A ética médica universal é possível, não como um código rígido, mas como um quadro comum de valores que assegure a dignidade humana, os direitos dos pacientes e a confiança social na medicina”, destacou.
Já Pavão apresentou a conferência “Redes Globais de Cooperação na Medicina: uma nova realidade”, em que ressaltou a crescente importância da diplomacia da saúde global e da cooperação técnica e científica entre países. Ao analisar a arquitetura internacional da saúde, ele mostrou como diferentes atores, desde agências da ONU e bancos multilaterais até organizações não governamentais e fundações privadas, influenciam o acesso a recursos, tecnologias e inovações.
Segundo ele, quando bem conduzida, a diplomacia da saúde resulta em melhor equidade, confiança entre Estados e fortalecimento das políticas públicas de saúde. “A Saúde Global é tratada por mais de 40 agências bilaterais, 26 agências das Nações Unidas, 20 Fundos Globais ou Regionais e 19 iniciativas globais. Conflitos são inevitáveis, havendo necessidade de melhor coordenação e coerência”, ressaltou.
Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, ao integrar reflexões sobre ética médica universal e cooperação internacional em saúde, o evento reforçou o papel do CFM como protagonista no diálogo global sobre a profissão médica. Para a autarquia, a consolidação de princípios éticos compartilhados e a ampliação das redes de cooperação são passos fundamentais para garantir uma medicina mais justa, centrada na pessoa e comprometida com os direitos humanos.