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Mesa discutiu perfil de habilidades e competências do médico e os equipamentos mínimos para unidades de saúde em áreas de fronteira

 

“O que é necessário para o atendimento na fronteira (perfil de habilidades e competências do médico e quais equipamentos mínimos para unidades primárias e secundárias em uma área de fronteiras” foi o tema do último painel do V Fórum de Fronteira do CFM, promovido pelo CFM no dia 17 de junho, em Boa Vista.

“Precisamos de um médico com formação geral, crítico, humanista, ético e com capacidade para atender diversos níveis de atenção”, definiu a médica e professora da Universidade Federal do Amazonas Heliana Nunes Feijó, painelista da atividade. Com vasta experiência na região amazônica, ela explicou que a fronteira é algo vivo, com influências mútuas e várias intercecções. “Por isso, cada região de fronteira é diferente da outra e a intervenção do poder público deve ser customizada”, explicou.

No Amazonas, por exemplo, as dificuldades logísticas são imensas “dos 65 municípios do estado, em apenas cinco é possível fazer o balizamento para pousos noturnos” e em muitos locais, o único hospital existente é flutuante. Diante dessa realidade, Heliana propôs equipamentos portateis que devem acompanhar os médicos nos atendimentos a serem feitos em áreas isoladas, como raio X, ultrassom e cardiotopógrafo. “A telesaúde é hoje uma luz no fim do túnel para a saúde indígena”, argumentou. Para acessar a apresentação, acesse AQUI.

O conselheiro federal pelo Amazonas Ademar Carlos Augusto, moderador do painel, confirmou as informações dadas por Heliana. “Além das dificuldades logísticas, temos barreiras linguísticas e culturais”, ressaltou. Opinião que foi corroborada pelo secretário do painel e conselheiro federal pelo Amapá, Eduardo Monteiro de Jesus, que contou o dilema enfrentado por sua equipe médica para decidir se amputava, ou não, a perna de um paciente índio, já que o pajé na tribo não autorizava a amputação, mas que provavelmente morreria, se a perna não fosse amputada. “Amputamos, mas a tribo não queria recebê-lo”, contou Eduardo Monteiro.

Alemanha – Responsável pela Pastoral da Criança Internacional, o pediatra Nelson Arns Neumman contou como a Alemanha se organizou para receber 1,5 milhão de sírios em um ano “distribuindo-os entre os municípios proporcionalmente ao número da população” e defendeu que o mesmo poderia ter sido feito no Brasil em relação aos venezuelanos e haitianos que chegaram ao Brasil em anos anteriores. Também defendeu um trabalho de acolhimento para essas pessoas. “Não adianta oferecemos o melho especialista, se há a barreira da língua e outras questões culturais”, afirmou.

Exercendo a medicina na cidade de Ponta Porã, que faz divisa com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, o urologista Faisal Augusto Alderete Esgaib, listou várias competências que o médico atuante na fronteira deve ter, como “conhecimento amplo da medicina, domínio de competências culturais e comunicacionais referentes aos povos que atende e ter um olhar atento para a vigilância epidemiológica”, aconselhou. No caso da região onde mora, o médico deve saber falar português, espanhol e guarani.

Faisal também defendeu o acesso a equipamentos mínimos para o diagnóstico, como ultrasom, raio-x e tomógrafo. “Mesmo cidades com dez mil habitantes poderiam ter um tomógrafo, cujo laudo poderia ser remoto. Dessa forma, evitaríamos muitos gastos com locomoção”, defendeu.

Exército – Resiliência e capacidade para solucionar problemas são duas características que o médico deve ter para atuar em regiões de fronteira e de difícil acesso, segundo a coronel do Exército Carla Lobo Loureiro, inspetora de saúde da 12 Região Militar. Após explicar como o Exército atua no Região Norte do país, “com boa capilaridade, logística, rede hierarquizada e uso de tecnologia da informação”, ela defendeu o trabalho realizado pela instituição e conclamou outros médicos brasileiros a também servirem o Exército para atuar na medicina de fronteira. Acesse AQUI a apresentação.

O último palestrante do Fórum foi o coordenador do Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Júlio César Fraulob Aquino, que defendeu o uso de equipamentos portáteis, com disponibilização de exames de imagens e de biomarcadores, para o atendimento em áreas indígenas. “Com isso, garantiríamos o acesso à saude e evitaríamos deslocamentos desnecessários”, argumentou.

Ele ponderou, no entanto, que é preciso garantir que haja luz elétrica e conectividade para o envio das informações, “caso contrário, o investimento não terá utilidade”. Também defendeu que sejam estabelecidos fluxos para que o uso da tecnologia seja resolutivo e que as orientações sejam dadas em uma linguagem acessível. A apresentação pode ser acessada AQUI.

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