A resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que garante maior transparência nas relações entre médicos e indústrias farmacêuticas foi um dos destaques, nesta terça-feira (10), de seminário promovido pela Frente Parlamentar Mista da Saúde (FPMS) e o Instituto Ética Saúde (IES) no Senado Federal sobre “ética, transparência e sustentabilidade no setor da saúde”.
O conselheiro federal Raphael Câmara, relator da Resolução CFM nº 2.386/2024, participou da mesa de discussão sobre “transparência nas relações financeiras”. Ele falou sobre as novas normas, que entram em vigor em março, e estabelecem que todos os médicos com qualquer tipo de vínculo com setores da indústria da saúde, incluindo farmácias, laboratórios e fabricantes de equipamentos, deverão informá-los por meio de plataforma do Conselho Regional de Medicina (CRM) em que estão registrados.
Ele explicou no evento que o CFM buscou aumentar a transparência e prevenir conflitos de interesse que possam influenciar decisões clínicas, assegurando que as práticas médicas no Brasil sejam conduzidas dentro de parâmetros éticos e legais.
“É importante saber se o médico está falando sobre determinado assunto porque ele acredita naquilo ou se está falando porque recebe algum tipo de financiamento de alguém ou de alguma empresa. Pela resolução, os médicos deverão declarar seus conflitos de interesse em situações públicas, como entrevistas, debates, exposições em eventos médicos e interações com o público leigo. Em breve, quando a medida entrar em vigor, a informação sobre de quem o médico recebe estará divulgada online”, afirmou.
Segundo o conselheiro, as normas asseguram que a população terá acesso a informações imparciais e baseadas em evidências, reforçando a confiança na classe médica. “Como sabemos, o poder do marketing influencia a relação entre profissionais de saúde e indústrias. E isso pode interferir em políticas de saúde, pressionando na aquisição de medicamentos e outros materiais com alto custo que interferem no funcionamento da saúde”, disse.