Alcindo Rocha Mato Grosso do Sul registrou oito casos de infecção pós-cirúrgica por micobactéria desde 2003 até abril de 2008. Os dados são da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e constam de nota técnica publicada pela agência em decorrência do surto de infecções em alguns Estados como Espírito Santo e Rio de Janeiro. A agência estuda como medida de contenção dos casos regulamentar o número de equipamentos necessários, por tipo e número de procedimentos por dia, para adoção pelos serviços de saúde. Conforme a Vigilância Sanitária, a medida poderá ser adotada porque as infecções neste ano estão relacionadas às falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de produtos médicos. Em 2008, cinco Estados já registraram a infecção, além do Rio e Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. O diretor-geral de Vigilância em Saúde da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Eugênio de Barros, disse que no Estado, pelo número de ocorrências, os casos podem ser considerados esporádicos. Outra medida recomendada pela Vigilância Sanitária, conforme a Resolução n° 2606, de 11 de agosto de 2006, é a esterilização de produtos médicos, já que, segundo Eugênio, desinfecção não é suficiente. Ainda segundo Eugênio, embora as ocorrências de infecção por micobactérias no Sudeste tenham sido principalmente em cirurgias plásticas, a ocorrência não está restrita a essa modalidade de cirurgia. Podem ocorrer infecções também nas cirurgias endoscópicas ou manipulação de prótese, exemplifica. Mato Grosso do Sul já havia sido alertado de surtos da infecção nos estados do Sudeste e mesmo no Pará, Rio Grande do Sul e Goiás, no segundo semestre de 2007. Dos oito casos registrados em Mato Grosso do Sul desde 2003, pelo menos quatro foram no ano passado (conforme dado disponibilizado em outubro/2007). O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina) não deve tomar nenhuma medida específica enquanto não houver denúncia ou for acionado pela Anvisa, segundo seu presidente, Sérgio Couto. Já o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional Mato Grosso do Sul, Alcides Martins Arruda, preferiu não comentar por telefone e não tinha disponibilidade de agenda para atender a reportagem antes de quinta-feira (14). Surto Desde 2003 até abril de 2008 foram notificados 2.102 casos de infecção por micobactéria no País, distribuídos, segundo a Anvisa, predominantemente por hospitais privados. Foram confirmados pelo menos 1.014 casos no Rio de Janeiro, 315 no Pará, 244 no Espírito Santo, 230 em Goiás, 110 no Paraná, 79 no Rio Grande do Sul, 43 em São Paulo, 21 em Mato Grosso, 16 no Distrito Federal, 10 em Minas Gerais, 9 no Piauí, 2 na Bahia e 1 na Paraíba. Os casos de 2008 no Brasil, conforme alerta da Anvisa, são uma situação nova para os profissionais de saúde em todo o mundo. Conforme o boletim técnico, as infecções por micobactérias nas proporções alcançadas no Brasil não têm registro nem aqui nem nos outros países. “Diante da grave situação identificada em quase todos os estados do país, em relação especificamente às infecções pelo M. massilense consideramos ser necessário o monitoramento e o acompanhamento sistemático, junto aos serviços de saúde quanto à realização dos procedimentos adequados de limpeza e esterilização dos equipamentos e ou artigos, que possam ser reutilizados, de acordo com as normas em vigor”, diz a nota. (fonte: jornal Midiamax News – 12.08.08)