Jacqueline Lopes O maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa, tem hoje 69 pacientes no Pronto-Socorro à espera de um leito em um dos outros setores do hospital. “Corredor não é lugar para paciente ficar. Estão aqui certamente porque não tem ambiente mais confortável para onde levá-los”, diz o médico neurocirurgião, Ilton Shinzato, durante visita acompanhamento dos pacientes “improvisados”. São 54 pacientes nos corredores e 15 considerados de emergência que estão no Pronto-Socorro, denuncia o presídente do Sindicato dos Médicos, João Botelho. Junto com o CRM (Conselho Regional de Medicina), os médicos acionaram o MPE (Ministério Público Estadual) e aguardam agora uma ação civil pública. Os profissionais pedem também uma solução para o problema do Hospital Evangélico de Dourados, que está interditado e seus pacientes têm vindo para a Santa Casa. A insalubridade e o fato da população sofrer com a falta de vaga seriam as motivações para que o MPE fosse acionado, diz Botelho. “O PS fica no sub-solo, o ar-condicionado não funciona”, frisa. A Santa Casa tem 650 leitos e cerca de 5% deles são reservados para os pacientes pós-cirúrgicos, ou, casos que precisam ser remanejados. O diretor do hospital, o médico, Leonildo Herrero, admite o problema enfrentado pelos pacientes no Pronto-Socorro. No corredor Médicos, enfermeiros, bombeiros, faxineiros. A todo momento os profissionais transitam nos corredores e driblam as macas disponibilizadas próximas as paredes, como amparo aos pacientes que aguardam um leito. Vital Arguelho, de 66 anos, sofre do coração. Ele está com uma artéria entupida e precisa de constante observação médica. Morador no Bairro Nova Bahia o idoso diz estar “agoniado” ali há quase uma semana no corredor. De Corumbá, Astrogilda de Souza, de 79 anos, veio passear em Campo Grande. Aqui, sofreu de um problema neurológico. O lado esquerdo do cérebro atrofiou e ela perdeu os movimentos na parte direita do corpo. “Ela precisava apenas de um local mais confortável”, diz o médico dela, doutor Shinzato. Para Botelho, é possível que o hospital possa liberar pelo menos 60 leitos. “São 40 no 6º andar e pelo menos 20 na UTI da Nefrologia que está fechada. Podem abrir ainda mais leitos no HU (Hospital Universitário”, diz Botelho. Superlotação Indagado sobre o por quê das pessoas não serem transferidas para as enfermarias, o médico explica que não há vagas. “Tem sala da emergência (Pronto-Socorro) que é para seis pessoas e têm 14. Ali não é lugar para paciente ficar e sim, ser encaminhado para o Centro Cirúrgico ou para a UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) que tem 80 leitos e todos lotados”. Um outro problema é a constante vinda de pacientes do interior do Estado para a Santa Casa na chamada “vaga zero” – autorização fornecida pela Central de Vagas. Pelo menos 30% das pessoas que precisam de atendimento no hospital são de municípios distantes o que estrangula o limite do hospital. Por mês, o SUS (Sistema Único de Saúde) repassa R$ 5 milhões para a Santa Casa. Herrero diz ainda que somente no mês de junho foram feitas 1,9 mil cirurgias. “Se ocuparmos todos os leitos, como teremos fluxo?”. “Não é economia. Pra que deixar na maca se pode ocupar?”. (fonte: jornal Midiamax News – 23.07.2008)

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