Bianca Cegati Após sucessivas denúncias feitas ao MPE (Ministério Público Estadual) sobre a condição da saúde pública em Mato Grosso do Sul, o CRM (Conselho Regional de Medicina) enviou hoje ao órgão um pedido para que sejam criados novos leitos na Santa Casa de Campo Grande. De acordo com o presidente do Conselho, Sérgio Renato de Almeida Couto, o MPE tem poder de exigir à administração pública que sejam feitas com urgência essas implantações. “Nossa expectativa é que seja firmado um TAC para garantir a criação dos leitos o quanto antes. Não podemos mais esperar meses para isso, pessoas estão morrendo”, alerta. Em reunião na tarde de hoje com os promotores Mauri Valentim Ricciotti e Sara Francisco Silva e representantes da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Couto solicitou a criação urgente de 15 leitos em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e 15 leitos em Unidade Intermediária na Santa Casa. Segundo ele, precisam ser investidos cerca de R$ 2 milhões para a aquisição de equipamentos, além de R$ 250 mil para a manutenção dos leitos. Interior – O médico diz que pelo menos 30% dos pacientes da saúde pública na Capital vêm de municípios do interior do Estado, o que sobrecarrega o atendimento, levando à precariedade do serviço. “Tem que haver um entrosamento entre os dois secretários para a criação de uma central única de pacientes e de regulação de leitos”, sugere. Ainda deve ser confirmada para quarta-feira (30) uma reunião entre os gestores da saúde no Estado e no município, o MPE e o CRM, justamente para tratar do assunto. Hoje, um homem de 38 anos morreu ao ser trazido de Rio Brilhante para a Capital e uma criança de seis anos, de Ponta Porã, está em estado grave na Santa Casa após peregrinação por hospitais do interior que alegaram não possuir vagas e condições de atendê-los. Vistorias feitas recentemente no pronto-socorro do hospital já vêm detectando o colapso há meses, de acordo com Couto. A última delas, realizada no dia 23 de julho, constatou superlotação e condições precárias de atendimento. O relatório elaborado após a vistoria confirma os riscos de mortes de pacientes em função da falta de estrutura da Santa Casa. “São evidentes os riscos de ocorrerem óbitos, para os quais certamente o atendimento precário viria a contribuir e, portanto, representa risco para a população”, assinala o médico fiscal Carlos Vinícius Pistóia de Oliveira, responsável pelo documento que foi encaminhado ao MPE. Consta do relatório, ainda, que no dia da vistoria 13 pacientes ocupavam as laterais da sala de emergência do hospital, em macas sem espaçamento, sendo que outras duas estavam no meio da sala junto com dois grandes cilindros de oxigênio extras, “já que todas as saídas embutidas de gases estavam ocupadas”. Emergência – O presidente do CRM defende que seja decretado estado de emergência na saúde pública por parte do Estado ou do município para que se agilize a aquisição de equipamentos e materiais. Ele coloca, também, a possibilidade de uma Ação Civil Pública como alternativa para a falta de perspectivas quanto à criação de novas vagas. (fonte: jornal Campo Grande News – 28.07.2008)

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