Recentemente, o Ministério da Saúde informou que pretende implantar o exame NAT (sigla em inglês para Teste de Ácido Nucleico) em todos os hemocentros do país, até o final do ano. O exame permite detectar, de maneira mais eficiente, se o doador de sangue contraiu recentemente o vírus HIV ou as hepatites B e C.
Atualmente, quando alguém doa sangue, é feito um teste chamado sorologia. Com ele, só é possível detectar a presença do HIV 22 dias depois que a pessoa contraiu a doença. No caso das hepatites, esse intervalo é de 70 dias. Isso acontece porque o teste de sorologia identifica a presença de anticorpos, as células que combatem corpos estranhos. Nosso organismo precisa de um tempo para começar a produzi-las – a este intervalo, dá-se o nome de janela imunológica. O NAT, ao contrário, não identifica a presença de anticorpos, mas sim a presença do próprio vírus. Assim, o intervalo para detecção do HIV cai para apenas sete dias e o das hepatites, para 11 dias.
Nós, da Abrale – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia – e da Abrasta – Associação Brasileira de Talassemia – ficamos muito felizes com a notícia. O amplo acesso ao NAT na rede pública de saúde é uma das nossas bandeiras mais antigas. Afinal, os portadores de cânceres no sangue (para quem nossas entidades prestam apoio psicológico, médico e jurídico) podem precisar de transfusões periódicas como parte de seu tratamento. É o caso de quem, como eu, tem Talassemia Major. Nós temos de fazer uma transfusão de sangue a cada 20 dias, para o resto da vida.
Hoje, cerca de 5% dos novos casos de Aids que ocorrem a cada ano são causados por transfusões de sangue. No Brasil, o risco de contrair o vírus HIV em uma transfusão é 20 vezes maior do que nos Estados Unidos. Outra vantagem oferecida pelo NAT é a diminuição das restrições aos doadores de sangue. Uma pessoa que tenha feito sexo com vários parceiros fica impedida de doar sangue durante um ano, por exemplo.
Agora que o Ministério da Saúde assumiu o compromisso e divulgou a ampliação do acesso ao exame, é preciso conscientizar a população acerca dos benefícios do exame. Para isso, a Abrale e a Abrasta iniciam esta semana uma campanha com ações de conscientização em hospitais, hemocentros e outros centros de tratamento de doenças que exigem a transfusão de sangue. Esperamos que, assim, o aumento do acesso ao NAT até o final do ano seja concretizado e as pessoas cada vez mais exijam que o exame seja realizado em todas as doações de sangue, sem exceção
Fonte: Tribuna do Norte Online – Natal Printer