Pesquisa avaliou 1.974 gestantes atendidas na rede pública; Ministério da Saúde defende a qualidade das consultas

 Mesmo fazendo o número de consultas recomendado no pré-natal, a maioria das gestantes não tem um controle efetivo da pressão arterial.

A conclusão é de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicado no periódico “Cadernos de Saúde Pública”.

Quando não tratada, a hipertensão na gravidez pode evoluir para a eclâmpsia, uma das principais causas de morte materna no Brasil.

A taxa de mortes maternas no país caiu nos últimos anos -passou de 120 mortes por 100 mil nascimentos em 1990 para 58 mortes por 100 mil em 2008-, mas ainda está longe de atingir a meta do milênio da Organização das Nações Unidas, que é de 35 mortes por 100 mil até 2015.

O trabalho da Fiocruz avaliou 1.974 grávidas (das quais 9,6% tinham pressão alta).

A pesquisa se limitou às usuárias do SUS no Rio, mas seis obstetras ouvidos pela Folha afirmam que as conclusões podem ser estendidas para outras regiões.

“A assistência materno-infantil no Brasil é uma vergonha. Nem o básico está sendo feito no pré-natal”, afirma Marcelo Zugaib, professor titular de obstetrícia da USP.

Esther Vilela, coordenadora de saúde da mulher do Ministério da Saúde, reconhece que há problemas, mas discorda da generalização. “A qualidade dos cuidados no pré-natal já foi alcançada em vários locais do país.”

No Brasil, há cerca de 3 milhões de gestantes, 2 milhões assistidos só pelo SUS.

As falhas apontadas no estudo da Fiocruz vão desde a não realização de exames básicos até a falta de remédios e de orientação sobre os riscos da hipertensão.

Segundo o obstetra Marcelo Vianna Vettore, autor da tese de doutorado que embasou o estudo, 79% das gestantes fazem consultas suficientes no pré-natal, mas em 73% das avaliadas o atendimento foi inadequado.

Um exemplo é a verificação do fundo uterino, exame que mede o crescimento do feto -na hipertensão, ele fica comprometido.

“A anotação do fundo uterino foi menor entre as gestantes hipertensas do que entre as de baixo risco. Esse registro é rotina. Não há justificativa para não estar sendo feito”, diz Vettore.

Outro problema é a falta de diálogo entre os profissionais de saúde que fazem o pré-natal e as pacientes.

Um terço das gestantes avaliadas não foi esclarecido sobre os riscos da hipertensão. “A orientação alimentar é a primeira linha de tratamento da hipertensão.”

Vettore destaca que um terço das pacientes hipertensas não conseguiu remédios no SUS. “São medicações padronizadas, que deveriam estar garantidas para gestantes. MINISTÉRIO

O Ministério da Saúde lançou em março um programa de assistência às grávidas.

O projeto prevê que elas tenham como referência um posto de saúde (para o pré-natal) e um hospital (para o parto) e ganhem vale-transporte. São garantidas seis consultas no pré-natal e uma série de exames.

Fonte: Folha de S. Paulo

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