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Jacqueline Lopes O superintendente da Vigilância de Saúde, Eugênio de Barros defendeu nesta manhã os trabalhos que a Comissão de Combate a Infecção Hospitalar do HU (Hospital Universitário) têm desenvolvido para barrar a proliferação da bactéria Acinetobacter baumannii, resistente e causadora de infecção hospitalar. Em 15 dias dois pacientes do CTI (Centro de Terapia Intensiva) morreram no HU. Colonizados pela bactéria, com o organismo fragilizado, os pacientes que foram submetidos a várias cirurgias, desenvolveram a infecção. Porém, Barros disse que somente após a conclusão da analise das amostras coletadas no ambiente hospitalar poderá indicar o nível do problema, que o especialista em Saúde Pública não considera grave. “Não podemos fazer um Carnaval em cima do HU, um hospital que presta muito serviços a comunidade”, defende. Desde o dia 6 de março o CTI está bloqueado. Lá, pacientes colonizados e infectados estão em isolamento. O Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) analisa as amostras de bactérias coletadas no ambiente hospitalar e todos os prontuários dos pacientes isolados dentro do HU foram analisados assim como a declaração do óbito e o histórico de cada um deles, detalha Barros. Para o coordenador geral do Sista (Sindicato dos Trabalhadores Técnicos Administrativos da UFMS), Lucivaldo Alves dos Santos, o momento não é para apontar culpados e, sim, resolver o problema de imediato. “Qual é o local insalubre? No PAM (pronto-socorro) é o pior. São pelo menos 60 pacientes nos corredores. A infecção está espalhada pelo hospital como um todo”. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estipula regras rigorosas que devem ser colocadas em prática dentro dos hospitais. O controle das bactérias, identificação de onde estão as mais resistentes, a higienização das mãos dos profissionais e o uso de equipamentos de segurança fazem parte das exigências da Anvisa. “Tivemos reunião com a direção do hospital e pedimos equipamentos de proteção individual. Pedimos também que tenham profissionais separados para atender apenas os pacientes com a bactéria”, diz o sindicalista. Entre as exigências dos funcionários estão o uso de luvas específicas, capote e sapatos. Barros frisa, assim como a equipe do HU, que as bactérias são comuns em todos os ambientes. A diferença é que os pacientes de CTI estão mais suscetíveis a elas. A presença dos visitantes sem um controle eficaz seria outro problema, conforme o coordenador do Sista. “Não adianta culpar o hospital se quem entra lá não tem cuidado e carrega alimentos, não lava as mãos. O hospital está superlotado. Os pacientes com a bactéria passaram pelo CTI, são pacientes da pós-cirurgica e fizeram mais de uma cirurgia”, alerta. Conforme o superintendente, a presença dos visitantes, muitas vezes sem lavar as mãos faz aumentar o risco da proliferação de bactérias e com isso, de infecções nos pacientes mais debilitados. “O hospital é lugar que circula bactérias, profissionais, pacientes e visitas. Os trabalhos no HU são feitos continuamente”, defende Barros. O HU opera no limite máximo de leitos – 255. O MPF (Ministério Público Federal) investiga o caso através de procedimento administrativo e aguarda da Vigilância Sanitária Estadual até a próxima quinta-feira um relatório com o raio-x da situação de infecção hospitalar no HU. Morte Foram seis cirurgias no intervalo de vinte e um dias de internação no HU. O pedreiro Arlan Ortega, 43, morador do Bairro Portal Caiobá, perdeu a vida no último sábado, 14 de março. Ele foi mais uma vítima de infecção hospitalar no hospital-escola. Ortega tinha úlcera estomacal, conseguiu agendar uma cirurgia após fazer os exames de endoscopia no Hospital Evangélico. Ele vomitava muito e reclamava de fortes dores. Ele foi até o HU no dia 17 de fevereiro. No mesmo dia ficou internado e passou pela primeira intervenção cirúrgica no dia 19 de fevereiro, mas o organismo acabou sendo alvo de bactérias e o paciente não resistiu. A direção do HU diz que as bactérias estão somente no setor do CTI (Centro de Terapia Intensiva), que desde o dia 6 está bloqueado. A instituição diz ainda que os pacientes cuja saúde está muito debilitada acabam alvos das bactérias, comuns em ambientes. No entanto, Seo Ortega era paciente cujo estado de saúde não era grave e tornou-se critico após ter dado entrada no hospital, segundo os familiares. “ Ele chegou andando normal e ele mesmo se internou. Foi feita a primeira cirurgia e ele levado para o CTI. Os médicos disseram que tudo tinha dado certo, usaram uns termos médicos que a gente não conhece. A partir daí a cada dois dias era uma cirurgia. Uma semana antes da morte disseram que ele teve infecção generalizada”, relata o cunhado, Marcelo Alexander, 38 anos. Após a situação agravada as perguntas para a equipe médica já não tinham mais respostas, diz Alexander. “Depois da operação ele não falava mais. Não sei o que vamos fazer porque não vai trazer meu irmão de volta. Ele morava comigo e com nossa mãe”, lamenta a irmã dele, a dona de casa, Maria Elza Ortega, de 50 anos. Arlan Ortega era quem sustentava a casa. Crise Após a segunda morte no CTI do HU por infecção hospitalar, a Comissão de Controle de Infecção do hospital se reúne diariamente para discutir o problema e a Secretaria de Estado de Saúde acompanha a situação. Um outro paciente faleceu há duas semanas. Ele era paciente de 70 anos, tinha câncer, e sofreu insuficiência renal critica, segundo informou em entrevista coletiva da semana passada o infectologista José Ivan Aguiar que já havia alertado sobre o risco de outro óbito no setor onde estão internados pacientes em estado grave. No caso, uma paciente de nome Maria Abadia, de 70 anos. Ela passou por quatro cirurgias no intestino, contraiu infecção hospitalar. O ambiente hospitalar é monitorado pela comissão. Após o primeiro óbito, o HU descartou descontrole e justificou que o problema só ocorreu por conta das condições frágeis de saúde dos pacientes – facilita a proliferação das bactérias. (fonte: jornal online Midiamax News – 18.03.09)

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