Guilherme Soares Dias Médicos, técnicos-administrativos, pacientes e alunos têm de driblar diariamente a situação de abandono e de precariedade encontrada no Hospital Universitário (HU), o terceiro maior de Campo Grande. O jornal O Estado visitou ontem a instituição e flagrou a deterioração dos equipamentos, as condições insalubres de trabalho a que técnicos e médicos são submetidos, e a espera dos pacientes por atendimento médico. Somados a todos esses problemas, o HU também enfrenta a superlotação no pronto-socorro, que, tinha 23 pacientes no corredor ontem pela manhã. A situação de caos é verificada em todos os setores do hospital, desde a lavanderia, passando pela cozinha e atingindo setores cruciais como o pronto-socorro, pediatria, oncologia e hemodinâmica. “Faltam macas, remédios e soro para todos os pacientes, Recebemos mais gente do que temos capacidade de receber. Vivemos no improviso”, relata uma médica, que não quis ter o nome divulgado. Ela diz ainda que a estrutura do hospital é completamente separada da universidade. “Há um divórcio, não temos contato nenhum”, afirma. No pronto-socorro, 23 pessoa a eram atendidas no corredor. A, situação é comum, segundo um técnico de enfermagem que também pediu diu anonimato. Ele afirmou que faltam materiais básicos para os procedimentos médicos. “É uma corda-bamba constante, fazemos um milagre por dia”, acrescenta. Equipamentos parados O setor de radiologia do HU é o retrato do abandono vivido pela instituição nos últimos anos. Dos cinco aparelhos de raíos-X pertencentes ao hospital, nenhum deles está em condições de uso. Um sexto equipamento, emprestado, é o único que está operando, realizando cerca de 100 exames por dia. “Sou paciente do hospital.’ Estou esperando há, Funcionários do hospital afirmam que também faltam medicamentos para os pacientes duas horas para fazer o exame, todo dia é assim”, reclama a aposentada Lucia Ferreira, 61 anos. O setor de oncologia é um dos que apresentam mais problemas. Nas salas de espera há cadeiras velhas e sofás rasgados. Nos quartos estão camas estragadas, armários antigos com portas que não fecham, além de paredes descascando. Outro equipamento que não funciona no hospital é o “telecomandado”, que serve para fazer exames assistidos ‘ por uma microcâmera. O aparelho custou R$ 600 mil e ficou por dois anos encaixotado. “Quando colocaram para funcionar, estragou. Como a garantia já tinha vencido, o equipamento está parado”, afirmou um técnico em radiologia, que pediu para não ter o nome’ divulgado. Ele acrescenta que os técnicos em radiologia não recebem adicional de insalubridade, mesmo trabalhando com materiais radioativos. Já o mamógrafo comprado em 2003 custou R$ 200 mil e nunca chegou a funcionar, pois o hospital não possui verba específica do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar esse, tipo de procedimento. O setor de hemo dinâmica – que faz diagnóstico e tratamento de doenças cardiológicas, neurológica, entre outros – também não funciona há pelo menos dois anos. O Hospital Universitário possui 240 leitos e tem um orçamento mensal de R$ 1,3 milhão do SUS para realizar 330 cirurgias. “O problema é que fazemos 450 cirurgias por mês, além de precisar dar conta de administrar todo o hospital com esse recurso”, afirma o diretor-administrativo do hospital Cláudio Silva. Em média, são realizadas 10 mil consultas mensais. O pronto-socorro atende cerca de 80 pessoas por dia, quando o ideal seria no máximo 20 pacientes, segundo a direção do hospital. (fonte: jornal O Estado de Mato Grosso do Sul – 01.08.2008)

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