A saúde da capital Boa Vista (RR) enfrenta problemas crônicos como o de superlotação, falta de leitos e infraestrutura precária. A situação dos 14 municípios do Estado é ainda mais caótica. Se não fosse a determinação dos profissionais da saúde, a maioria dos postos estaria fechada e a população desassistida de médicos.

O médico Wesley Carlos Thomé percorre 70 quilômetros, por dia, durante a semana para atender no único Posto de Saúde do município do Cantá, o quarto mais populoso do Estado (população estimada em 16.149).

No mapa de atendimento a previsão seria o atendimento de 16 pessoas por dia, entre bebês, mulheres e idosos. Mas a realidade é outra. Segundo o médico, há dias que são atendidos o dobro. “Preciso atender o dobro e o triplo se for necessário. Muitos veem de carona, bicicleta e até mesmo a pé”.

O grande número de pacientes é um dos menores problemas. Pois, no local as duas salas existentes, sem estrutura para um atendimento digno, servem para as consultas, triagem, observação e qualquer outro procedimento que precise se fazer. Faltam ainda materiais básicos de higiene e medicamentos.

Para suprir a falta de medicamentos, Wesley leva amostras gratuitas que recebe de laboratórios para que os pacientes tenham acesso ao tratamento. Outras vezes, ele mesmo compra os remédios para as crianças e os idosos.

“Eu sempre compro em Boa Vista e trago desde um simples paracetamol a antibióticos e materiais de limpeza. A população é muito carente e alguns retornam dias depois com o mesmo problema, porque não conseguiram comprar o medicamento ou não tinha na farmácia. O amor pela profissão é o que nos sustenta, porque não é fácil trabalhar sem condições necessárias”, contou Wesley.

A dona-de-casa Francilene da Silva é mãe de três filhos. Ela mora numas das vicinais do município, para chegar ao Posto de Saúde ela gasta quase uma hora de bicicleta, no sol quente, com as crianças.

“Só temos esse Posto. Eu só venho porque o médico é muito bom e sempre ajuda a gente com remédios. Tem gente que ele até levou no carro dele para Boa Vista, se não a pessoa morria. Tenho até medo de pensar se um dia ele parar de atender aqui como será a nossa vida”, desabafou Francilene.

Todo o mês, o aposentado Cinésio José da Silva, 81 anos, percorre quase 200 quilômetros para chegar ao Posto Médico. “Faço acompanhamento com o doutor, porque na minha idade a saúde não é tão boa”.

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