O respeitado professor espanhol Antonio López Vega, da Universidade Complutense de Madri, foi enfático na defesa da medicina humanística em sua conferência no segundo dia de atividades do V Congresso de Humanidades Médicas, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Goiânia (GO).

“Desumanizar o enfermo é tirar a sua dignidade e monetizá-lo”, disse o palestrante madrileno, autor de Gregorio Marañón: radiografía de un liberal. Ele também escreveu 1914, el año que cambió la historia, abordando as profundas mudanças que estavam acontecendo no mundo na época da Primeira Grande Guerra e se formando no pensamento, nas artes, na política internacional ou na indústria.

A História fez parte de sua apresentação, que abordou o surgimento do humanismo, descrito como uma “inquietação que leva à busca do sentido da existência em todo o seu significado e do mundo em toda a sua extensão”. O trabalho médico, como várias outras áreas, foi afetado por esse sentimento: “Os médicos assumiram um compromisso com seus concidadãos quando se dotaram de aspirações em favor da justiça social”. Ou seja, esse compromisso não era uma questão religiosa e nem de caridade – ele diz –, e sim de defender a dignidade, a igualdade e o universalismo.

Entre vários outros pontos abordados, também ganhou destaque a importância da compreensão do enfermo. A traição a este princípio vocacional seria – para ele – muito danosa. “O ser humano hoje é individualizado na sua mesmice, vamos desenvolver patologias, os psiquiatras devem estar observando isso. Mas o médico deve conhecer as condições sociais, o seu entorno, a vida de seus pacientes”, diz, citando ainda o pensamento de Gregorio Marañón: “ser médico é dar a vida pela missão escolhida”.

Outras atividades – Ainda pela manhã, o potencial da Literatura, do Cinema e da Música para a prática médica foram abordados em oficinas simultâneas conduzidas por diversos especialistas. Dante Gallian, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Mario Barreto Corrêa Lima, professor emérito titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) trataram de Literatura; Pablo González Blasco, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa) e Henrique Batista, secretário-geral do CFM, trataram de Cinema; e Marco Aurelio Janaudis, coordenador do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Jundiaí e Armando José d’Acampora, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) trataram de música. O público foi bastante eclético composto por estudantes, médicos jovens, médicos experientes, professores e profissionais de diversas áreas.

O evento segue até a sexta-feira (4) com várias discussões sobre o conhecimento humanístico voltado para a prática médica e da saúde. Acompanhe a programação em:  http://portal.cfm.org.br/humanidades/

 
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