A situação da oncologia no Rio de Janeiro foi avaliada como gravíssima pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) após vistoria em 19 hospitais federais e estaduais que prestam esse tipo de atendimento especializado. O levantamento, apresentado nesta terça-feira (14), apontou que a maioria dos hospitais que prestam esse tipo de atendimento não tem a verba necessária e que o paciente com câncer do Sistema Único de Saúde (SUS) sofre com a demora para obter o diagnóstico. O Cremerj e a Defensoria Pública do estado cobraram a resolução dos problemas nessas unidades.

As fiscalizações, realizadas de outubro a novembro de 2016, revelaram que entre 47% e 50% dos pacientes interromperam o tratamento com quimioterapia por causa da falta de medicamentos. “Há unidades em que os estoques de remédios quimioterápicos estão esgotados, entre os quais medicamentos para tratamento básico. Isso prejudica o paciente na sua chance de cura e qualidade de vida”, denunciou o presidente do Cremerj, Nelson Nahon.

Segundo Nahon, um dos principais problemas identificados foi o tempo de espera entre a chegada do paciente à unidade e o início do tratamento, que gira entre 10 e 12 meses, contrariando a Lei 12.732/2012, que assegura aos pacientes com câncer – atendidos pelo SUS – o início do tratamento até dois meses após o diagnóstico da doença. Também, segundo o presidente do Cremerj, faltam profissionais qualificados para atender a demanda. “A rede federal sofreu redução de dotação orçamentária e não estão sendo repostos profissionais que se aposentam”.

Relatório – O estudo do Cremerj também apontou que a maioria dos serviços não tem ressonância magnética: 80% das instituições recorrem a outras unidades para a realização do exame. A espera do agendamento e da entrega dos resultados também duram aproximadamente 25 semanas. Outro dado alarmante é que 90% das unidades não possuem exames imuno-histoquímicos. A maior parte dos tumores só pode ser tratada após a realização deste procedimento, entre eles os de mama e os de cólon. No entanto, segundo a pesquisa, a média de espera pelo resultado deste exame é de dez semanas.

A constante falta de quimioterápicos também foi outro ponto ressaltado no levantamento do CRM. A ausência deles ocorre em 42% das unidades e na maioria de forma recorrente. Além disso, o tratamento é comprometido nos casos em que é necessário submeter o paciente à radioterapia, já que 74% dos hospitais não realizam o procedimento. O tempo de espera para o início do tratamento radioterápico é de oito semanas.

“O objetivo do Cremerj, ao apontar todos esses dados, é pressionar as autoridades, para que, em caráter de urgência, seja dada a devida atenção para os inúmeros problemas do setor, como a demora no diagnóstico, o déficit de recursos humanos, a carência de quimioterápicos e de unidades que ofereçam radioterapia e a falta de leitos de CTI e de cuidados paliativos”, concluiu Nahon.

Com informações do Cremerj e Agência Brasil

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