Ângela Kempfer Em 30 dias, a promessa é de inicio de transformações no Hospital Regional Rosa Pedrossian, uma reestruturação para acabar com manobras, falhas incompreensíveis de gestão, deficiências no atendimento, mau uso de material de consumo e desperdício de dinheiro público. Problemas que distanciam e muito o HR do projeto original: ser uma referência em saúde em Mato Grosso do Sul. No dia 28 de junho, foi fechado o planejamento estratégico, com 17 grandes projetos a serem implantados no HR, para que se coloque entre os 10 melhores hospitais públicos estaduais do país. As propostas já foram entregues à secretária de Saúde, Beatriz Dobashi. O compromisso de mudança radical vem da Fundação Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que há 3 meses iniciou um trabalho de consultoria no HR e constatou: tem muita coisa fora do lugar no hospital que hoje não passa de um “postão de saúde”, na avaliação da equipe de consultores. Um exemplo citado, para ilustrar tamanha desorganização encontrada, é o fato de enfermeiros criarem um mecanismo, no mínimo curioso, para alcançarem melhores salários. “Criaram um esquema de atestado médico”, conta o coordenador do projeto de consultoria, Roberto Bittencourt. A estratégia funcionaria da seguinte forma: um servidor pede o atestado, falta ao trabalho, para que outro enfermeiro ganhe hora extra pela substituição. Tudo escancarado, apesar de existir um “pacto silencioso”, conta o coordenador. O Estado paga dobrado, sem descontar salário de quem falta e repassando hora extra a quem substitui. A falha no gerenciamento de produtos básicos, como seringas e medicamento, por várias vezes já foi denunciada por prejudicar o atendimento à população, é outro grave erro. Após fazer o diagnóstico, a conclusão é de que o motivo é incompetência na gestão de produtos e equívocos na solicitação dos profissionais que utilizam os materiais. Outro caso que evidencia o “desleixo” administrativo é o fato de um equipamento de exame coronariano ter ficado por três anos encaixotado, sem qualquer justificativa plausível. Reviravolta – O valor estimado para o que considera “transformação radical” não é divulgado por Bittencourt, apenas que haverá solicitação de recursos ao Ministério da Saúde. O projeto é audacioso, considerando que nem o aparelho de tomografia funciona atualmente do HR, por falta de peças de reposição. As ações devem começar imediatamente, garante, mas só serão concluídas depois de 2010. A Universidade tem contrato no valor de R$ 2,1 milhões para prestar consultoria e assessoria ao HR por um ano. O trabalho é só de consultoria, a Unifesp não deve gerir o hospital e apresentar propostas para melhorias. O plano é fazer do Hospital Regional uma unidade referência em urgência cardiológica. As obras para estruturar o atendimento devem começar até o final do ano. “Dessa forma, o HR assume a cardiologia e a Santa Casa ficará com a parte de trauma, atendendo na emergência casos de ortopedia e neurologia”, detalha Bittencourd. No caso dos salários, a idéia é criar adicional por assiduidade, para acabar com problemas como “a indústria do atestado médico”, diz o coordenador. “Vamos premiar quem não falta”, justifica. Eletivas – A Unifesp também prevê, no planejamento estratégico, zerar até 1º de agosto a fila por cirurgias eletivas no HR, que tinha 250 pessoas. Só depois disso será aberto novo agendamento para esse tipo de operação, que agora serão marcadas pelo setor de regulação da prefeitura de Campo Grande. “Nunca houve controle, quem chegava aqui era atendido sem qualquer regra. Era cada um por si”, revela o consultor da Unifesp. (fonte: jornal Campo Grande News – 17.07.2008)

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