Em solidariedade aos mais de dois mil estudantes de medicina da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, o Conselho Federal de Medicina (CFM) pedirá ao Ministério Público Federal (MPF) que acompanhe o processo de transferência dos alunos para outras instituições – caso a universidade seja descredenciada ao final do prazo de análise de defesa pelo Ministério da Educação (MEC). Um grupo de estudantes foi recebido nesta quarta-feira (8) na sede Conselho Federal, onde expuseram aos conselheiros federais e presidente dos conselhos regionais os problemas enfrentados por alunos, professores e funcionários da instituição.

    O grupo foi recebido ainda pelo coordenador da Comissão Nacional de Ensino Médico e 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital, e também pelo representante do Rio de Janeiro no CFM e 2º vice-presidente da entidade, Aloisio Tibiriçá. O caso da Universidade será levado ao MPF dentro do acordo de cooperação técnica celebrado com o Conselho Federal em agosto do ano passado. A expectativa do CFM é de que, junto com o MPF, sejam monitoradas de perto todas as discussões da situação da Universidade no Ministério da Educação.

    “A colaboração do Ministério Público Federal tem sido essencial e este caso da Gama Filho é mais um exemplo de que essa nossa parceria se reveste de importância para aqueles que necessitam da nossa ajuda”, disse Carlos Vital. “Nossa preocupação é que os cursos de medicina, como o da Gama Filho, formem bons profissionais. Por isso, é preciso que sejam oferecidas boas instalações e um corpo docente qualificado, bem preparado e estimulado”, acrescentou Tibiriçá.

    Apoio do Cremerj – Segundo o estudante de medicina Bruno Soares (foto), do oitavo ano, desde que passou a ser gerida pela mantenedora Galileo Educacional, a situação da Gama Filho piorou, com a suspensão das aulas, atraso salarial, sucateamento das instalações, ausência de hospital-escola, dentre outros problemas. Em 2013, os alunos tentaram reverter as dificuldades, mas a Galileo descumpriu todos os prazos e acordos.

    A luta dos estudantes tem recebido apoio do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que também defende um ensino de qualidade. “O governo diz que vai ampliar o número de vagas dos cursos de medicina, mas não consegue gerir os que estão abertos. Dizem que faltam médicos, mas não cuidam dos estudantes que querem se formar no seu próprio país. O Cremerj vai continuar ao lado dos alunos da Gama Filho, dando apoio no que for preciso em busca de uma solução”, declarou o presidente do Cremerj, Sidnei Ferreira.

    MEC cria Comissão – Desde ontem, cerca de 50 alunos ocupam a sede do MEC, em Brasília, para chamar a atenção do governo e da sociedade para o descaso com os estudantes. Após a ocupação, o Ministério anunciou a criação de uma comissão para discutir a aplicação de uma política de transferência dos alunos. Ficou decidido que a comissão será composta por cinco membros do MEC, sete representantes dos alunos e um representante da União Nacional dos Estudantes (UNE). A primeira reunião ocorrerá na próxima semana.

    O MEC diz que “tomará a decisão sobre a continuidade ou não do credenciamento institucional de ambas as instituições, em conformidade com o ordenamento jurídico vigente. Cumpre destacar que o MEC adotou todas as medidas possíveis permitidas pela legislação em vigor, ressaltando-se que esta não prevê qualquer tipo de ação ou intervenção na mantenedora, ficando a atuação do MEC limitada às questões acadêmicas das instituições mantidas”, diz nota divulgada pela pasta.

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