O Conselho Federal de Medicina (CFM) manifesta apoio público por uma investigação independente conduzida pela International Humanitarian Fact-Finding Commission (IHFFC) – um órgão internacional permanente, cujo objetivo principal é investigar violações graves do direito internacional humanitário – sobre o bombardeio do hospital da organização médica humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão, na noite de 2 para 3 de outubro deste ano. Dados revisados revelam que o incidente matou, pelo menos, 42 pessoas – destes, 14 eram profissionais de MSF cujas mortes foram confirmadas, assim como 24 pacientes e quatro acompanhantes (parentes que ofereciam cuidados de enfermagem adicionais aos pacientes no hospital).

O posicionamento do CFM é uma resposta à carta da MSF, enviada à autarquia no dia 21 de outubro: “Não há palavras para descrever essa tragédia, que, infelizmente, já fora vivenciada outras vezes em conflitos recentes e atuais. Estamos escrevendo a vocês hoje, de médicos para médicos, para solicitar gentilmente seu apoio ao pedido de MSF por uma investigação independente (…) para que sejam estabelecidos os fatos, as circunstâncias e as intenções acerca do ocorrido”, dizem os signatários, um grupo de 50 médicos da organização.

Hoje, a IHFFC está pronta para iniciar sua investigação, mas só pode fazê-la após o consentimento das autoridades americanas e afegãs. “Acreditamos que essa seja uma oportunidade histórica para sustentar os princípios da missão médico-humanitária e relembrar ao mundo que ‘até mesmo as guerras têm regras’”, aponta a MSF.

No dia 9 de dezembro, a organização entregou uma petição assinada por mais de 547 mil pessoas à Casa Branca, pedindo que o presidente Barack Obama consinta com uma investigação independente do ataque aéreo mortal. “Apenas uma avaliação completa conduzida por um órgão internacional independente pode restaurar nossa confiança no comprometimento dos Estados Unidos com o respeito às leis da guerra, que proíbem ataques como esse veementemente. Não é suficiente que os autores de ataques a instalações médicas sejam os únicos a investigá-los”, afirma Jason Cone, diretor executivo de MSF nos Estados Unidos.

O ataque privou centenas de milhares de pessoas do acesso a cuidados médicos naquele que era o único hospital de trauma especializado no nordeste do Afeganistão, de acordo com MSF. As forças militares norte-americanas se responsabilizaram pelos ataques aéreos, e declararam se tratar de um erro. Mas muitas questões ainda permanecem sem respostas sobre como e por que tais erros puderam ocorrer.

Em menos de dois meses, a petição ganhou o apoio de pessoas de todo o mundo, o que representa um imenso suporte público ao princípio de que mesmo as guerras têm regras. Deane Marchbein, presidente de MSF nos Estados Unidos, leu os nomes dos 14 profissionais da organização mortos, e falou sobre sua experiência tratando pacientes em um hospital de MSF no Afeganistão. “Nosso comprometimento é com a ética médica, com o tratamento de pessoas com base em suas necessidades, independentemente do lado do conflito em que estejam, ou mesmo que não estejam em lado algum. É assim que levamos cuidados médicos às pessoas que mais precisam, encurraladas em zonas de guerra e sofrendo as piores consequências de um conflito. Nossos colegas deram suas vidas fazendo isso”, disse Deane.

Acompanhe as notícias sobre o tema em:  http://www.msf.org.br/

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