O Conselho Federal de Medicina (CFM) assinou a Carta Aberta “Deixe-nos tratar os pacientes na Síria”, dirigida ao governo Sírio, pedindo que sejam cessados os ataques a hospitais, ambulâncias e instalações médicas para que os profissionais da saúde possam atender os pacientes. A Carta, também assinada por três ganhadores do prêmio Nobel da área médica, professores de universidades americanas, européias e asiáticas e dirigentes de 35 entidades médicas mundiais, tem o objetivo de sensibilizar o governo sírio, os países aliados ao ditador Bashar al-Assad, os grupos envolvidos e a Organização das Nações Unidas (ONU) acerca da insegurança vivida por médicos e pacientes na Síria.

    “Como médicos e profissionais da saúde, exigimos urgentemente que os colegas médicos da Síria recebam permissão e apoio para tratar pacientes, salvar vidas e aliviar o sofrimento sem temer ataques e represálias” reivindicam os signatários da carta.

    De acordo com a ONG internacional Crisis Action, que organizou a assinatura da Carta, 37% dos hospitais sírios foram destruídos e outros 20% encontram-se danificados. Clínicas forma convertidas em centros de trauma, cerca de 469 funcionários da saúde estão presos e cerca de 15 mil médicos foram obrigados a fugir para o exterior. “Os ataques contra instalações médicas e seus funcionários são cometidos de maneira deliberada e sistemática”, o que demonstra “uma inescrupulosa violação ao princípio da neutralidade médica”.

    A ONG denuncia, ainda, que a população está vulnerável a epidemias de hepatite, febre tifóide, cólera e disenteria. Foi exacerbada uma epidemia de leishmaniose cutânea, houve um aumento nos casos de diarréia aguda e, segundo agências humanitária, foi registrada uma epidemia de sarampo nos distritos ao norte da Síria. Outra denúncia é de que crianças nascidas após o início dos conflitos, no início de 2011, não foram vacinadas.

    Diante dessa situação, a carta pede ao governo sírio que impeça os ataques a hospitais e demais instituições de saúde, responsabilizando quem praticar essa violência. Pede ainda aos governos aliados de Bashar al-Assad, especialmente à Rússia, que exijam a interrupção dos ataques das forças sírias contra médicos, demais profissionais da saúde, instalações e pacientes. Em relação aos grupos armados envolvidos no conflito, a Carta pede que respeitem a neutralidade médica.

    À ONU e aos doadores internacionais, os signatários da carta solicitam que aumentem o apoio às redes de médicos da Síria, tanto nas áreas controladas pelo governo quanto naquelas sob controle da oposição, nas quais “profissionais de saúde têm arriscado suas vidas desde o início do conflito para oferecer serviços essenciais num ambiente extremamente hostil”.

    Entre os signatários da carta estão os prêmios Nobel de medicina Harald Zur Hausen (2008) e Jules Hoffman (2011) e o prêmio Nobel em química Peter Agre (2003). O documento também conta com a assinatura da ministra da saúde da Líbia Fátima Hamroush e do presidente Sociedade Real de Medicina da Inglaterra, Michael Raelins, entre outros profissionais da área médica. 

    Leia a Carta Aberta aqui. Veja, também, a carta, em inglês (aqui) , publicada no site Lancet sobre a denúncia feita pelas entidades médicas.

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