Os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia vão financiar 41 projetos de pesquisa com células tronco adultas derivadas da medula óssea, do cordão umbilical e de outros tecidos e embrionárias. Entre as propostas selecionadas, 38 envolvem estudos com células-tronco adultas e três com as embrionárias. Os pesquisadores Antônio Carlos Campos de Carvalho, do Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras (INCL), do Rio de Janeiro, Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Lídia Andreu Guillo, da Universidade Federal de Goiás (UFG) foram os selecionados para trabalhar com células-tronco embrionárias. Os estudiosos acreditam que mais do que uma aplicação terapêutica, a principal contribuição das células-tronco embrionárias será o conhecimento do mecanismo de diferenciação celular, chamado de transdiferenciação. As células-tronco são capazes de se transformar nos mais variados tecidos do organismo. Os pesquisadores pretendem utilizar esse potencial de transformação das células-tronco para o tratamento de uma série de doenças e também na reconstituição de tecidos, de pele, de ossos e de dentes. Eles esperam ainda promover a melhoria da qualidade de vida de pacientes que atualmente dependem de transplantes ou que estão em cadeiras de rodas. Biossegurança – As pesquisas com células de embriões humanos foram autorizadas em março, a partir da nova Lei 11.105. Antes da aprovação do documento, os experimentos só podiam utilizar células-tronco adultas e de cordão umbilical. Para realizar estudos com células-tronco embrionárias, a legislação brasileira exige algumas condições: os embriões só podem ser usados se forem doados com consentimento dos pais e se estiverem congelados há, pelo menos, três anos a partir da data da publicação da lei. Não são permitidos ainda o comércio de embriões, a produção e a manipulação genética e também a clonagem humana. A experiência brasileira nessa área ainda é pequena, mas com o apoio do governo pode avançar rapidamente. Segundo a coordenadora de Biotecnologia em Saúde do Departamento de Ciência e Tecnologia do ministério, Angélica Pontes, falta ainda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar o decreto que vai regulamentar a lei. O documento irá tratar dos embriões inviáveis, que são os que podem ser utilizados para pesquisas, da criação de bancos de embriões e das sanções administrativas. Apesar da falta de regulamentação da lei, as pesquisas com células-tronco já podem ser desenvolvidas. PESQUISADORA QUER CRIAR LINHAGEM Dos três estudos envolvendo células-tronco embrionárias, o do pesquisador Antonio Carlos Campos de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai usar uma linhagem desenvolvida fora do Brasil, para entender os mecanismos que as transformam em neurônios ou células do coração. Já a pesquisadora Lídia Andreu Guillo, do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Goiás (UFG), pretende desenvolver essas linhagens no país. O fato é importante porque tentará entender como essas células conseguem se dividir. Lídia Guillo explica que a idéia do projeto, que será desenvolvida em parceria com pesquisadores do Instituto de Química da UFG e com especialistas em reprodução humana, é entender os fatores que regulam a proliferação das células-tronco. O outro projeto selecionado sobre células embrionárias prevê a identificação das condições de culturas que favoreçam a diferenciação das células-tronco embrionárias humanas em células dos sistemas nervoso. Todas as pesquisas são preliminares. Mesmo nos países onde elas estão mais desenvolvidas, como na Inglaterra e na Coréia, os cientistas ainda enfrentam grande dificuldade para controlar o cultivo das células embrionárias e sua diferenciação em outros tipos de tecido. Doenças cardíacas – Não é a primeira vez que o Ministério da Saúde investe em terapia celular. Já está em andamento a etapa clínica de um grande estudo com células-tronco adultas para tratamento de cardiopatias. A proposta é verificar a viabilidade da substituição dos tratamentos tradicionais de cardíacos pela nova terapia. Serão investidos R$ 13 milhões para o tratamento de 1,2 mil pacientes com problemas do coração. A pesquisa envolve portadores de infarto agudo do miocárdio, doença isquêmica crônica do coração, cardiomiopatia dilatada e cardiopatia chagásica. A lista pode ser conhecida no endereço eletrônico www.saude.gov.br/sctie/decit. SAIU EDITAL PARA PESQUISA EM BIOÉTICA O Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência e Tecnologia vão financiar projetos de pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação que tenham como tema o estudo da Bioética e da Ética em pesquisa. Os projetos aprovados serão financiados com recursos de R$ 1 milhão, distribuídos entre as propostas que apresentaram orçamento até R$ 50 mil. O resultado do julgamento será divulgado até 30 de novembro e as contratações começarão a partir de 5 de dezembro deste ano. As pesquisas podem abranger: aspectos teórico-práticos da bioética no contexto científico-tecnológico e sanitário brasileiro, aspectos bioéticos em problemas persistentes e emergentes, estudos sobre fortalecimento do controle social nas pesquisas com seres humanos, estudos sobre questões éticas na comunicação e informação em saúde e estudos sobre questões éticas relacionadas ao cuidado. Fonte: Ministério da Saúde

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