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Conselho Regional de Medicina

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Ao término da apuração da eleição para conselheiros do CRM MS, em que verificou-se que apenas 52% dos médicos inscritos fizeram uso do seu direito de votar. Isto nos trouxe alguns questionamentos:

          Porque o alto índice de abstenção?

          Porque ainda vemos médicos que usando a oportunidade do voto expõe opiniões que não o fazem em público?

          Porque quando do descontentamento com o CFM/CRM não é explicitado nos locais de discussão?

          Porque houve apenas uma chapa?

Pensando muito nestes questionamentos, e após algumas reflexões, tiramos algumas conclusões que podem (e devem) ser contestadas. Tentaremos comentar sobre estes questionamentos…

Este índice de comparecimento foi semelhante em todos os estados, em quase todos os CRMs, o que em primeira e rápida avaliação é que temos a mesma situação, os mesmos problemas de uma forma geral. Pode ser o desinteresse do médico frente à situação reinante do pais, em que a profissão cada vez mais se vê afastada das prioridades governamentais, inclusive o Ministério da Saúde, Ministério da Educação, do Planejamento entre outros.

Paradoxalmente, e este é um ano de eleição presidencial, e para os governadores estaduais, é comum a plataforma de todos basearem-se nas necessidades mais básicas da população: saúde, educação e segurança, sendo que nas ultimas 3 décadas todas estas necessidades foram menosprezadas levando o país ao caos em que estamos.

Os representantes maiores da saúde, os médicos, ainda não se deram conta da necessidade de se unirem para fazer frente à estas dificuldades e tentarem reverter a esta situação.

Parcela da população, inclusive médica, acredita que o médico só se movimenta quando está em caso de penúria; que são individualista; que tem dificuldade em trabalhar de forma coletiva, que pensam apenas no momento e sem conseguir pensar num futuro mais distante e de perspectiva melhores.

Desta forma não se consideram representados por suas entidades, principalmente o CFM e os CRMs…então apresentam-se ao pleito …por obrigação…

Também faz parte do imaginário social que o médico é alienado ao mundo e principalmente sobre o seu mundo…não aos conhecimentos específicos próprios da profissão ou de sua especialidade. Neste ano o médico também poderia votar pelo correio. Receberam um envelope com todas as instruções de como fazê-lo. Parcela dos envelopes voltaram por não ser encontrado o endereço. Parcela dos votantes presenciais trouxeram os seus envelopes perguntando o que fazer com eles.

De outro lado, alguns, poucos felizmente, usaram da oportunidade para expressar seus sentimentos em relação ao CRM ou aos seu componentes. Usando do anonimato com todo o seu significado alguns estampavam:

 

          VTNC – vai tomar no …

          Pra que votar é tudo a mesma m…

          Tanto faz, é a mesma b…

 

 

Neste momento chama a atenção que quando a medicina mais tem sido atacada, agredida inclusive de forma ideológica, em que aumentam as dificuldades de trabalho para o médico, em que crescem as condutas inadequadas e antiéticas da população médica; condutas estas que cabem ao CRM fiscalizar e investigar, o que termina maculando toda a medicina e os médicos de uma forma generalizada, o que é que faz com que esta parcela atuem desta forma?

Verificamos hoje a medicina mais tecnologizada, com a diminuição das características básicas da medicina que sempre foi o respeito ao paciente, amor ao elemento humano, solidariedade no sofrimento entre outros…e que estamos nos afastando cada vez mais desta formas de atuação; e que dificulta cada vez mais o pensar coletivamente, em grupo…é neste contexto em que uso do anonimato para expor a minha opinião?

Não estão satisfeitos com a atuação dos Conselhos? Reunam-se …discutam as possibilidades…participem dos eventos, dos cursos, dos seminários…questionem nestes momentos…mas se façam presentes…participem!!!

Nesta eleição vimos alguns exemplos do que ocorre quando os descontentes, ou quando os divergentes se organizam. Em São Paulo a eleição foi ganha por um grupo “desconhecido” das reuniões das entidades. Organizaram-se, disputaram e venceram. Eram 6 chapas concorrendo e este foi o resultado. No Rio de Janeiro também uma chapa da oposição foi a vencedora assim como no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde as manifestações oposicionistas se concretizaram em novas chapas e que se sagraram vencedoras…

Aqui, em nosso Estado, já há algum tempo o salutar pensamento de que a cada eleição haver uma renovação de cerca de 50%. Porque? Porque com a manutenção de parte do grupo, os trabalhos que são muitos, não são interrompidos até que os novos possam ficar desembaraçados para a continuidade das atividades…

Ah! Mas alguns médicos gostariam de participar e não foram sequer convidados. Como é que se realiza esta renovação? Um comitê recebe as indicações ou as manifestações de interesse e analisam a disponibilidade para o trabalho…que é muito…a capacidade de agregação…a sua aceitação na classe…seus trabalhos e forma de atuação…não ter condenações…

Como é que são escolhidos os conselheiros que deixarão os lugares para os novos? Os que se decepcionaram com as atividades conselhais, que não são suaves…os que pedem para sair…a assiduidade às plenárias, câmaras, comissões…a pontualidade na entrega das tarefas… a sua atividade profissional em que no período possa ter sido arranhada…

Todo este processo não é feito às escondidas. Quando da proximidade do pleito, há um tempo grande disponível para que quem deseje possa reunir-se na formação de um ou mais grupos para a disputa.

Mas para isto é necessário que o médico converse com os colegas, tenha disponibilidade para discussão dos assuntos, dos fatos que estejam ocorrendo em detrimento da profissão…deve sair do casulo para se juntar aos outros…pensar coletivamente e no futuro…

Insultar, vociferar e agredir no anonimato é fácil…o difícil é trabalhar…

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