MAIS MÉDICOS
Mais um (dos muitos) embustes governamentais
É do conhecimento geral que no Brasil, as cidades mais interioranas, mais. longínquas sofrem uma deficiência crônica relacionada à saúde de forma geral. Seja na Amazônia, no Nordeste, no Centro Oeste, nas periferias das grandes cidades, é se conhecido o fenômeno da desassistência, da inacessibilidade aos serviços de saúde.
Há muitas décadas as entidade médicas (CFM, AMB, FENAM), vem envidando esforços frente aos órgãos governamentais na busca incessante da resolução, ou pelo menos da minimização destes problemas que tanto tem penalizado o povo, e beneficiado alguns setores governamentais.
Os órgãos governamentais sempre usaram este estado calamitoso na saúde como uma fonte de propaganda e de promessas eleitorais, nunca cumpridas. Assim, década após década os problemas foram se avolumando, as dificuldades aumentando, deixando a população mais desassistida, enquanto se propagava de forma inadequada o desinteresse dos médicos em ocupar estes espaços.
Entretanto hoje é mais que necessário apenas a presença do médico para assistir à população. Torna-se necessário a presença de uma equipe, de suporte administrativo, laboratorial e de imagens. Não se concebe hoje apenas o médico com o esteto e o esfigmo, quando se tem uma grande quantidade de informaçõ0es que podem auxiliar os profissionais no atendimento e resolução dos problemas de saúde.
Mas, isto custa caro, precisa de logística, precisa que os profissionais tenham segurança, perspectiva e porque não um plano de carreira, como p.ex. os profissionais do direito: juízes, defensores e promotores. Nunca isto foi prioridade dos governos .
É de conhecimento também que em certas regiões do pais ainda não houve a transição epidemiológica, convivendo o Brasil com 2 realidades de forma perversa em que de um lado medicina de primeiro mundo; de outro a miséria dos 3o e 4o mundo.
Mesmo durante o período de exceção, não houve mudanças nesta situação, que se tornou “o mote “ das campanhas eleitorais, juntamente com a segurança e a educação, sem sabermos qual está em pior condição. Nestes 3 aspectos temos os piores índices mundiais, sem orgulho,
Mas, neste último governo, as promessas, os enganos, as mentiras, foram assombrosas, calcadas numa sucessão de embustes, de golpes de fraudes, cuidadosamente, meticulosamente planejadas e de forma que pudessem enganar pelo menos os acólitos, os cumplices de tamanha mentira e crime. Vejamos:
– Com a conivência, porque não cumplicidade da OPAS, o governo brasileiro através do seu ministério da saúde, com toda assessoria jurídica, fizeram um convênio com Cuba, para que este país, exímio exportador de “médicos “para importar alguns milhares de médicos para “resolver a situação calamitosa do Brasil “.
– Estes médicos fariam as atividades nos locais em que os médicos brasileiros “recusavam ir pela distorção em sua formação em que se consideram bons demais para isto”.
– O governo brasileiro pagaria diretamente à OPAS o equivalente a 10.000, reais mensais referente a cada médico. Deste valor 75-80% era destinado a Cuba, e apenas 20 – 25% era destinado ao médico. Desta forma é-se fácil calcular o grande valor destinado à Cuba, às custas do trabalho “escravo” dos médicos cubanos.
– Acredita-se que parcela do dinheiro destinado à Cuba era mandado de volta ao Brasil para financiar o partido que dava sustentação ao governo.
– Outras condições eram destinadas aos médicos, não podiam confraternizar, não poderiam viajar, eram sempre vigiados por cubanos supervisores que impunham uma séria vigilância para que não houvesse deserções.
– Fazia parte do contrato entre os dois países não aceitar nenhum pedido de asilo político, e que para garantir isto, os cubanos ficariam afastados de seus familiares em Cuba e sem chances de comunicação.
– O CFM não teve acesso à documentação o que seria o lógico, o esperado até para se ter a certeza de que eram médicos, função específica do CFM. Todo o acesso à documentação foi negado, e a desconfiança de que alguns não eram médicos fortaleceu-se. Diante disto o CFM não concedeu o registro médico, e para surpresa o Ministério da Saúde responsabilizou-se com a afirmativa de que já haviam conferido a documentação e certificando-se de que eles eram realmente médicos.
– Quando apareceram os primeiros problemas com os médicos brasileiros que os supervisionavam, e os CRMs quiseram tomar providências, o Ministério da Saúde e o Gabinete da Presidência da República, numa clara extrapolação de poder proibiu estes procedimentos avocando e evocando a si as responsabilidades. Assim os “médicos cubanos” ficaram livres para cometer qualquer erro e sendo deles protegidos.
– Ao mesmo tempo os médicos brasileiros eram impedidos de se matricular no programa, porque era exclusivo, ficando claro que o programa destinava-se primordialmente a mandar dinheiro que terminou sendo uma quantia vultuosa e que junto com outras medidas governamentais destinadas a manter Cuba.
– Chamava a atenção porque os médicos brasileiros ganhavam em média ¼ do valor pago ao governo cubano para cada médico.
– A OPAS para despistar e não deixar claro que era um negócio entre o governo brasileiro e o governo cubano destinaram apenas 1% das vagas para outros médicos de outros países.
– Parcela deles fixaram-se no interior, mas a maior parte deles distribuíram-se nas proximidades dos grandes centros e nas proximidades do litoral.
– Parcela dos profissionais destinados à atenção básica, executaram bem o seu papel, mas parcela significativa cometiam erros grosseiros, independente das dificuldades linguísticas, o que confirmava a tese de que nem todos eram médicos.
. De outro lado, os prefeitos ficaram satisfeitos, pois o programa lhes favorecia, o governo central ficava responsável pelo pagamento dos migrantes…por isto assim que recebiam os migrantes, imediatamente demitiam os médicos brasileiros.
.Como grande parte dos municípios tem dificuldades financeiras, este programa lhes trouxe um certo alivio financeiro…mas a qualidade e a credibilidade para a população…bem a população terminou tendo maior acesso…
.É por isto que os prefeitos hoje fazem um movimento contrário à saída dos cubanos., com medo de terem de arcar novamente com os gastos, que ficaram sem a sua responsabilidade.
. Lembrando sempre que os médicos cubanos não podiam sair, não podiam namorar, não podiam viajar, não podiam trazer os seus familiares.
. Interessante que parcela dos médicos migrantes tinham a certeza de que vinham numa missão humanitária, e alguns se achavam felizes e orgulhosos por terem sido escolhidos, apesar da situação precária em que foram colocados.
. Outro grande embuste foi quando houve a derrota nas eleições, o governo cubano ordenou imediatamente a retirada dos médicos do programa, considerando a postura política do vencedor do pleito.
. Não foram os partidos que determinaram isto…foi o governo cubano quem determinou isto…independente de qualquer medida brasileira… a não ser o aproveitamento do fato para a elaboração de noticias mentirosas e ultrajantes inclusive com a conivência da OPAS.
Com estes fatos o governo brasileiro, ainda em transição viu-se na obrigação de resolver este “imbróglio” . Com isto buscou-se substituir os médicos cubanos com médicos brasileiros oferecendo os mesmos vencimentos que eram pagos para a OPAS. Rapidamente a maior parte das vagas foram preenchidas, mostrando que quando pelo menos as condições mínimas de sobrevivência, existem os profissionais interessados.
Talvez seja a oportunidade de considerar esta iniciativa atual de criar “uma carreira médica” em nível federal, e, que pudessem fazer frente à grande quantidade de criação de novos cursos de medicina de tal forma que a maior parte delas foi autorizada a funcionar sem condições, sem hospitais, sem ambulatórios, sem professores.
Enfim um crime cometido contra o Brasil, à população brasileira, aos médicos cubanos e brasileiros…e esperando uma solução mais adequada nos próximos tempos.
Juberty Antonio de Souza
Um médico brasileiro, não xenofóbico