Editorial
Após algum tempo, voltamos a editar o Jornal da Academia de Medicina. Como grande parte de informativos nas áreas técnicas, esta também renasce pela persistência de alguns representantes desta briosa e orgulhosa Academia.
Lembrando as funções minimamente necessárias à esta instituição recordamos que a Academia é uma das entidades responsáveis pela credibilidade da formação médica, pela preservação dos valores éticos e científicos da profissão; a preservação da memória regional; a preservação da memória dos vultos profissionais que dignificaram a medicina; dificultar o aviltamento da medicina e dignificar os que exercem a medicina.
Neste espirito deve zelar pelo arquivo pessoal ou não da história da medicina regional, e apesar da Medicina ser universal, ela apresenta características regionais, em que pode haver uma variabilidade que que oscila desde os aspectos epidemiológicos, às doenças próprias da região, do retrato econômico social, das nuances culturais em que o enfrentamento e os resultados possam ser diferentes.
A nossa Academia é um retrato da população médica da nossa região, do nosso Estado, e que por sua vez também reflete a nossa população e ainda a população brasileira. O médico é um cidadão oriundo de uma população, de um meio cultural, e como tal é o repositário de suas crenças, de sua fé e da sua cultura.
Parodiando o inesquecível Darcy Ribeiro, quando descreve o povo brasileiro e afirma que o melhor do Brasil é o seu povo, podemos afirmar que o melhor da nossa medicina é o médico. E o nosso médico é procedente das mais variadas etnias e credos. Assim temos os representantes do extremo oriente como as Dra. Geni Nakao, Yasssuko Prureda, pioneiras do sexo feminino, quando a medicina era exercida principalmente pelos homens, como Kimei, Yassuo dentre tantos.
Os representantes do oriente médio como os irmãos Nachif, como o Dr. Radi Jafar, misto de médico conhecido internacionalmente e da sensibilidade artística como demonstram a sua riqueza fotográfica, Dr. José Amim competente médico, excelente cantor e primoroso pintor; Dr. Abdul Karim conhecido como excelente pediatra e um sobrevivente quando falamos em superar obstáculos, sem esquecermos os Duailibi, Orro entre tantos.
Da velha Europa, o sangue quente espanhol representado pelos Cubel, em que ainda os projetos de saúde pública se baseiam em seus primeiros esforços, do sangue italiano mostrado pela familia Mandetta.
Vindos de outras regiões brasileiras tivemos as boas invasões dos médicos gaúchos (Wanderlei), da invasão Goiana ( Jahjah, José Ivan, Pennaforte); dos nordestinos (Luiz Salvador), dos paulistas, dos mineiros, enfim de todas as regiões deste extenso Brasil.
Isto mostra que a nossa medicina não é xenófoba, não é sectária em relação a credo, religião, ideologia política, futebolística e que a convergência foi o exercício da medicina, em que o objetivo sempre foi a busca do bem estar populacional e do paciente.
Não é coincidência e nem obra do acaso que a medicina sulmatogrossense, campo grandensse sempre foi considerada de qualidade e humana.
E é assim que queremos continuar.
Juberty Antonio de Souza
Presidente