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Conselho Regional de Medicina

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Em 16.04.20 o Presidente da República Federativa do Brasil exonerou o Ministro de Estado de Saúde o Dr. Luiz Henrique Mandetta, que iniciou suas atividad4es no ministério em janeiro de 2019. Durante este período este ministro tentou “consertar” todos os prejuízos, todos os desmandos desta pasta ocorridas nas últimas duas décadas.
 
Dentre estes desmandos lembramos que o Ministério da Saúde deveria ser o maior local de busca da honra, do bem estar, do reconhecimento da população. Entretanto tem sido ocupado, por políticos despreparados e não pertentes à área; e quando ocupada por pessoas da área teve o desvio ideológico trabalhando contra a população e contra os seus profissionais.
 
O titular desta pasta deveria ser focalizada na busca da minimização do sofrimento do povo, buscando uma maior acessibilidade das pessoas para a prevenção, para o atendimento e tratamento de grande parcela da população, nas últimas décadas sofreu um processo de desmonte, de desmanche em função da ideologia e prejudicando a população mais necessitada.
 
O Dr. Luiz Henrique Mandetta abriu mão de dois mandatos na Câmara Federal, coordenou algumas campanhas e se classificou para a escolha do ministério, apoiado por pessoas que já o conheciam seja de vida pública, seja de sua atuação na defesa da saúde populacional.
 
Desde que assumiu o ministério o Dr. Luiz Henrique Mandetta tentou organizar a assistência básica, tentou dar credibilidade ao SUS, tentou recuperar os programas das doenças infecciosas com necessidade de tratamento permanente. Buscou formas de regularizar o fluxo dos insumos.
 
Com a vinda da pandemia e frente à emergência de providências para o enfrentamento desta epidemia que vem preocupando o mundo com a alta transmissibilidade, alta letalidade e desafiando o equilíbrio mundial com as milhares de pessoas mortas, que até agora não se encontrou forma de evitar, o então ministro tentou se superar.
 
Como se trata de uma epidemia em que não se conhece sua história natural, os países atingidos não tem poupados esforços no sentido de buscar as melhores formas de proteção à população.
 
Nesta situação as populações e seus governantes apresentam ideias diferentes como conduzir o controle e o tratamento das pessoas atingidas. Neste momento é comum os dirigentes terem ideias próprias nesta condução havendo clara discrepância e que só são avaliadas e os rumos retomados após a ocorrência de muitas mortes.
 
Nesta evolução no Brasil vimos opiniões muito divergentes. Opiniões divergentes são comuns e até benéficas quando consegue-se chegar a um consenso. Torna-se um risco quando as divergências se dão entre autoridades responsáveis pelo bem-estar populacional.
 
Recentemente no Brasil vimos as divergências intensas entre as duas maiores autoridades e que são responsáveis pela população. Ficou público e todos os órgãos de comunicação noticiavam diariamente as diferenças de opinião. De um lado a nossa maior autoridade, colocava-se frontalmente contra a opinião do ministro que se baseava nos conhecimentos técnicos científicos.  Fazendo o contra ponto a nossa maior autoridade desqualificava toda e qualquer orientação técnica com as suas condutas, no mínimo inconsequentes.
 
Se fosse apenas a divergência de ideias, e que ficasse restrito a ambientes próprios poderia ter menor repercussão, mas apresentava diariamente condutas em público que confrontava diretamente com as orientações ministeriais e aumentava o desconforto e a insegurança populacional.
 
Não usou a sua prerrogativa de demitir o ministro, e que a situação evoluiu e que o ministro cada vez mais ganhava popularidade com as suas orientações, mesmo as que mais restringia as atividades populacionais. Isto parece ter feito com que os ciúmes se agudizassem e a “fritura” do ministro se processava de uma forma muito intensa.
 
Os boatos de queda se intensificaram cada vez com maior frequência. Talvez outras pessoas em seu lugar pedissem a exoneração e buscassem uma saída confortável e honrosa.
 
Nosso ministro não. Com o suporte das informações dos países atingidos, com as informações epidemiológicas, com a evolução, com as pesquisas sobre as alternativas terapêuticas, sobre a necessidade de se ganhar tempo, com o isolamento, o distanciamento social, tentava ganhar tempo para a organização da estrutura assistencial enquanto aguardava a eclosão da epidemia.
 
Neste período procedeu como ensinado nas escolas de medicina, o médico continuou em seu mister e quando espicaçado lembrava o adágio ensinado e aprendido de que “o médico não abandona o paciente.” Poderia acrescentar o que de fato aconteceu: mesmo contra a vontade e o desejo de outrem continuou a cuidar do paciente…ou seja o Brasil.
 
Em diversas ocasiões afirmou que só deixaria o Ministério da Saúde em uma das três situações: a, se fosse demitido por quem o convidara para a função, ou seja o Presidente da República; b – se pegasse a doença e ficasse incapacitado para tal, e, c – quando acabasse a epidemia, ou se julgasse que não teria mais nada a fazer.
 
Em 16 de abril de 2020, houve o epílogo. O Presidente o demitiu arcando com toda a responsabilidade do que possa acontecer e o Ministro, ex-Ministro agora caiu…mas caiu de pé…sem abandonar o paciente como médico dos antigos…a família do paciente preferiu trocar de médico.
 
O médico caiu, mas fez a questão de sair pela porta da frente, de cabeça erguida e se prontificando (como bom médico), a fornecer as informações necessárias… Agradeceu a todos os seus auxiliares e exortou-os a continuarem trabalhando, lembrando que o paciente (Brasil), ainda não entrara em fase aguda, que se disseminaria e muitas pessoas ainda sofreriam.
 
Parodiando o próprio ministro lembramos Gonçalves Dias em Y-Juca Pirama;
Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”.
 
 
Juberty Antonio de Souza
Psiquiatra
 
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