Enfrentar as altas temperaturas sem ao menos ventilador virou tortura a pacientes, médicos e demais funcionários do Centro de Saúde Modelo, localizado próximo ao Centro de Porto Alegre. O Sindicato Médico do RS (SIMERS) foi ao posto na tarde desta quarta (22) para verificar as condições de atendimento e registrou extrema dificuldade de manter normalmente a assistência. O SIMERS constatou que ventiladores de teto estão com fios elétricos desligados desde novembro do ano passado, sob alegação de que seriam instalados aparelhos de ar condicionado dos modelos split. Até agora nada foi feito, mesmo com apelos dos profissionais. Até bebedores de água estão estragados. O SIMERS está notificando a Prefeitura da Capital para que medidas urgentes sejam tomadas para garantir condições de atendimento.

     Alguns consultórios têm ar condicionado porque os médicos se cotizaram e compraram os aparelhos, contou o ginecologista Claudio Miron. A também ginecologista Lisiane Neila Saggin apontou a abertura na parede onde funcionava um aparelho em seu consultório. “O equipamento estragou e mandei arrumar. Comprei há anos para colocar aqui, vou pagar R$ 500,00 pelo conserto, mas é o único jeito de conseguir ter ambiente para atender”, disse a médica, descrevendo seu drama. “A sala onde faço exame em gestantes e mulheres em geral não tem janela, muito menos ventilador. Gotas de suor pingam do meu rosto durante o exame. É insuportável”, reage Lisiane. No consultório, o ventilador de teto não pode ser ligado, pois os fios estão desconectados.

     A grávida Raquel Rosa Lopes, aos noves meses de gestação, não sabia como aliviar o abafamento no corredor de espera. O local é insalubre. Não tem janela, nenhuma ventilação e o calor é sufocante. “Passo mal aqui, está pior do que na rua. Não acredito que a prefeitura não pode nem colocar um ar ou ventilador”, lamentou a grávida, que usava papéis de exames para se abanar. Ao entrar na sala do ginecologista e sentir o acalentado “arzinho” frio, Raquel ficou surpresa ao saber que o médico pagou para ter o aparelho.

    “Quem tem de fazer isso é a Secretaria da Saúde, mas só assim para trabalhar e cuidar das pacientes”, frisou Miron. A aposentada Maria de Lourdes Machado mostrava desconforto com o calor, nem sentar conseguia. Na unidade de Saúde da Família, próximo aos consultórios do segundo piso, o ventilador de chão também foi adquirido pelos funcionários. No local, mãe e filho esperavam por um exame e declararam não aguentar tanto calor.

    O diretor do SIMERS, André Gonzales, lamentou as condições do Modelo, que realiza centenas de atendimentos em pediatria, ginecologia, clínica geral e medicina de família, tem farmácia, posto de vacinação e grupos de acompanhamento de pacientes. “Até o bebedor de água não funciona. Álcool gel não existe nos suportes. Este abafamento faz mal a todos, é lamentável”, criticou o diretor. O Sindicato enviará ofício à Prefeitura Municipal cobrando medidas urgentes, com cópia à Delegacia Regional do Trabalho, Vigilância Sanitária e Conselho Regional de Medicina (Cremers). “Se não tem ar condicionado, que religuem os ventiladores de teto. Isso é desumano. As equipes já pediram ajuda e nada foi feito até agora. Muitas consultas ocorrem com portas abertas, o que impede a privacidade”, listou Gonzales.

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