Após importantes conquistas oriundas da “marca que ficou na consciência da humanidade com o holocausto e nos fez avançar em justiça, igualdade e prosperidade em parâmetros nunca vistos”, estamos diante da ameaça do chamado paradigma pós-humanista.

A opinião é do professor espanhol Antonio López Vega, da Universidade Complutense de Madrid, manifestada em sua segunda conferência no V Congresso de Humanidades Médicas, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Goiânia (GO), na manhã desta sexta-feira (4).

Ele usou a sua experiência como historiador para demonstrar toda a evolução social até o surgimento do humanismo, um movimento europeu que colocava o homem no centro do interesse científico, artístico e intelectual e fomentava uma cultura pelo desenvolvimento das potencialidades da condição humana.

Ele destacou, contudo, a sua crença de que o desenvolvimento da humanidade não acontece linearmente rumo ao progresso e sim em ondas: “Entramos agora nas mudanças de séculos com uma mudança de paradigma. Deixamos de ser íntimos para sermos um eu em rede. Todo mundo se entende através da rede, dos grupos de WhatsApp. É o transhumanismo, uma rede filosófica que investe maciçamente para tentar prolongar a vida humana por várias centenas de anos através da hibridação da Inteligência Artificial, biologia molecular e nanotecnologia. Tenta-se dissociar a personalidade do corpo, transladar os aspectos da personalidade a outro corpo que nos dê mais tempo de vida”, explica.

O historiador defende o desenvolvimento humanístico como antídoto para essa tendência “que pode se converter em um novo ciclo de horror não só no mundo ocidental mas no mundo todo”. Para ele, essa ideia seletiva contraria as ideias de igualdade e liberdade que foram o melhor do século XX. “O transhumanismo suplantaria o melhor que tivemos nos últimos 200 anos. Por isso é importante trazermos luz a esses temas complexos e é por isso que eu defendo a nossa encruzilhada disciplinar [em defesa de uma formação humanística] para que consigamos seguir o caminho da dignidade”.

O evento termina nesta sexta-feira e conta ainda com relatorias das oficinas que trataram de Literatura, Cinema e MPB, Narrativas Médicas, Empatia e estudos de humanidades, além da sessão de temas livres. Acompanhe a programação em: http://portal.cfm.org.br/humanidades/

 
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