Levantamento encomendado pelo Ministério da Saúde demonstra que a cesariana já representa 43% dos partos realizados no Brasil pelo setor público e privado. Entre as mulheres que utilizam planos de saúde, esse percentual é ainda maior: 80%. Entre as que utilizam o SUS, é mais baixo, corresponde a 26%. Os dados são de 2006. O parto normal é apontado como mais seguro tanto para a mãe quanto para o bebê. De acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde, as cirurgias deveriam corresponder a, no máximo, 15%. Para alterar o atual quadro, o Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (6) a Campanha de Incentivo ao Parto Normal. O evento aconteceu no hotel Saint Peter e teve a presença do ministro José Gomes Temporão. “A cesariana tem indicações técnico-científicas, se constitui em avanço da ciência para as situações de risco para a mãe e/ou bebê, mas tem sido comum a cirurgia ser marcada desnecessariamente, sem uma indicação precisa, o que aumenta as chances de complicações e morte para ambos”, alerta o médico Adson França, diretor do Departamento de Ações Estratégicas (DAPES) do Ministério. Os estados da região Sudeste registram os índices mais elevados de cesariana, totalizando 52% do número total de partos. A região Norte, por outro lado, registra os menores percentuais: 35%. “No Sudeste, o modelo de atenção obstétrica vigente, com maior valorização do parto operatório está mais consolidado. Essa também é a região onde as escolas médicas tiveram papel preponderante de disseminação desse modelo. Na região Norte há um maior número de partos normais”, comenta a coordenadora da área técnica de saúde da mulher, Regina Viola. No Amapá a prevalência de partos normais é de 75%. A alta prevalência das cesáreas leva a uma série de prejuízos: para o bebê, para a mãe e para a gestão dos serviços de saúde. Estudos demonstram que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas, antes do período normal de gestação (40 semanas) têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, em conseqüência, acabam precisando de internação em unidades de cuidados intermediários ou mesmo UTI Neonatal. Além disso, no parto cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num momento primordial para o estabelecimento de vínculo. Para as mães, o parto cirúrgico apresenta mais chances de hemorragia, infecção no pós-parto e uma recuperação mais difícil, além de determinar custos mais elevados e desnecessários para a saúde pública e privada. “Por essas e outras razões, queremos incentivar as mulheres a reivindicar o direito de dar à luz por meio do parto normal, com autonomia, humanização no seu acompanhamento e segurança”, afirma Adson França. Um dos aspectos já identificados pelo ministério como causa para o aumento das cesáreas é o menor tempo de assistência médica necessária, em relação ao parto normal. Por isso, a campanha também sensibilizará os profissionais de saúde, as universidades e conta com o apoio das entidades médicas e científicas. A falta de informação entre as mulheres também seria outro agravante, pois faz com que elas não participem dessa escolha e, mesmo que num primeiro momento expressem a vontade do parto normal (70%, segundo pesquisas recentes/MS), no decorrer do trabalho de parto, são convencidas por um ou outro motivo a aceitar o parto cirúrgico. Em várias situações ocorre o desrespeito ao protagonismo feminino, prevalecendo convicções pessoais do profissional assistente, nem sempre baseadas nas melhores evidências científicas. O Ministério da Saúde também esclareceu que cesáreas anteriores, gestação de gêmeos e fetos grandes não determinam, por si só, a indicação do parto cirúrgico. (fonte: site TV Morena – 07.05.2008)

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