Quando compartilhou o caso nas redes sociais, a médica Kátia Goes não imaginava que teria tanta repercussão. Funcionária há 2 anos no posto de saúde de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ela foi informada, por meio de sua gerente, que em novembro passaria a atender em outra unidade, por determinação da Coordenação de Área Programática, setor da Secretaria Municipal de Saúde. Kátia conta que, ao questionar sobre a transferência repentina, a explicação que recebeu foi de que “chegaram os médicos do programa” e de que um deles iria para seu lugar.

     Inconformada com a situação, a médica não aceitou a transferência e sugeriu que a mandassem embora. “Eu tenho todo um carinho pelos meus pacientes, já tinha trabalhado no posto anteriormente e atendo hoje pessoas que também foram meus pacientes quando criança”. Para tentar reverter sua dispensa da unidade, Kátia encaminhou o caso para o Cremerj, Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e ouvidoria do SUS, além de relatar sua situação no Facebook, como forma de desabafo.

     No dia seguinte, um representante da Coordenação de Área foi até a unidade para desfazer a ordem de transferência, desculpando-se pelo mal entendido. “Eu tenho certeza que foi por conta da postagem. As denúncias nos órgãos não tiveram tempo para tanto”, aposta, referindo-se ao barulho causado pelo relato na internet. “Ouvi vários comentários, sugestões, alguns colocaram referências de casos semelhantes. Depois eu entrei novamente e tinham até pessoas dizendo que meu perfil era fake e que era tudo mentira. A quem interessaria desacreditar a história?”

    Questionada se pensa ter sido realmente um engano, a médica nega: “isso já veio a mim como um fato consumado, até chegar ao meu conhecimento, a coisa passou por várias pessoas. Creio que não achavam que ia ter uma repercussão tão grande, e devem ter voltado atrás pela dimensão que tomou”. Localizada na periferia, Katia descreve a unidade em que trabalha como simples, mas em uma rua de fácil acesso, e com estrutura e materiais necessários para o atendimento adequado da população.

     Ela conta que viu a documentação com a solicitação de médicos do programa para a sua unidade, mas questionou ao representante da Coordenação por que os estrangeiros não foram encaminhados para outras unidades da região que ela sabia que estava sem médicos. “Ele não soube me dizer. No fim das contas, os cubanos foram para um posto próximo daqui”.

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