O fórum Assistência Obstétrica no Brasil, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), reuniu especialistas em Ginecologia e Obstetrícia de todas regiões do país no dia 24 em Brasília. Assistência multiprofissional ao parto, ambiência hospitalar, situações de violência, sistematização de protocolos, mortalidade materna, financiamento da saúde e precariedade do sistema foram temas que permearam palestras durante todo o dia.

“O financiamento insuficiente destinado à saúde pública repercute na ponta, no atendimento ao paciente e no trabalho médico, muitas vezes responsabilidade pela precariedade. Temos o binômio falta de recurso e má gestão em todos os níveis”, alertou o diretor-técnico do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros (SP), o professor doutor Coríntio Mariani Neto.

De acordo com o especialista, “o risco de morte neonatal é quase três vezes maior na rede pública do que na privada e são nos hospitais públicos onde se realiza o maior volume de partos, principalmente de alto risco. Isso é extremamente preocupante. Mas, é possível manter a qualidade da assistência à saúde na rede pública com envolvimento da gestão local, equipe motivada, treinamento dos recursos humanos disponíveis, além da mudança cultural sobre a qualidade do serviço público e persistência diante dos reveses. É possível conquistar o reconhecimento”, conclui Coríntio Neto.

Na mesa de abertura, o presidente do CFM, Carlos Vital, ressaltou que “a assistência obstétrica no Brasil é uma responsabilidade de planejamento e gestão, é uma questão de saúde pública. Passa pelo trabalho médico, mas é preciso reconhecer as devidas competências e responsabilidades na assistência à parturiente. Sendo primordial destacar que a obstetrícia é absolutamente necessária, pois se destina aos cuidados com as gerações futuras deste país”.

Humanização – De acordo com a médica Lisete Benzoni,”na ambiência hospitalar, estamos vinculando o tratamento que damos à parturiente e ao neonato ao espaço físico, às relações interpessoais e a demais fatores que impactam os nossos sentidos, como iluminação e cheiro. Isso é o que podemos chamar de humanização: a junção do cognitivo ao afetivo, do conhecimento técnico ao acolhimento à paciente, considerada sua cultura e individualidade”.

Nesse sentido, a humanização da assistência ao parto passa pela adequação da ambiência hospitalar e pelo atendimento personalizado à gestante. O desrespeito aos eixos que estruturam a ambiência hospitalar, no entanto, foram apontados como uma das bases dos problemas de assistência no Brasil. E, assim como o professor Coríntio Neto, Lisete Benzoni também defende que, “independentemente das limitações financeiras, que são reais, a comunicação, a integração e o acolhimento são a solução para quebrarmos o ciclo de violência que vemos hoje”.

“O tema do encontro deste ano – alinhando valores e práticas – teve como meta estimular um olhar atento sobre os gargalos que afetam a assistência. Mais do que a análise das situações, promovemos o debate qualificado e identificamos ações que contribuirão para mudar realidades, se implementadas”, concluiu o coordenador do evento e da Câmara técnica de Ginecologia e Obstetrícia do CFM, José Hiran Gallo.

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