Nascido em Quaraí, no Rio Grande do Sul, o médico Mario Estevam Mallmann da Silva cursou Medicina na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e se especializou em Ginecologia e Obstetrícia. Em 1995, a alta densidade médica da região e a grande quantidade de ofertas para médicos no interior do Paraná levaram o então recém-formado a se mudar para Paulo Frontin, município de sete mil habitantes a pouco mais de 200 km de Curitiba.
“Quando cheguei e durante muito tempo fui o único médico da cidade, que tem somente um hospital municipal. Ocorreram situações em que fiquei sozinho em plantões e vi vários casos resultantes de incêndio, esses acontecimentos sempre repercutem no hospital”, lamenta. Paulo Frontin não tem corpo de bombeiros e a equipe mais próxima fica a 41km de distância, o que pode significar uma tragédia dependendo das proporções que um incêndio pode tomar.
Depois de 20 anos na cidade, Mário pode contar com a ajuda de amigos e conhecidos para realizar a primeira reunião do que viria a ser a Brigada de Incêndio do município, em dezembro de 2014. “Segurança publica é um dever de todos e uma obrigação do Estado, então nós resolvemos criar um serviço aqui na comunidade. Como é um dever de todos, nós queremos colaborar fazendo o combate inicial do incêndio até a chegada do bombeiro militar, que é o responsável pelo combate efetivo”, pondera o médico.
A partir daí o projeto avançou rapidamente. Ele diz que “se fôssemos depender da iniciativa pública não sairia porque esse serviço não é previsto na legislação e o bombeiro vê com restrições a brigada, então nós entramos nessa possibilidade de fazer o serviço até o bombeiro chegar”. Mário foi quem financiou todo o projeto. Ele comprou os equipamentos, mangueira, sinalizador, roupas de fogo e dois caminhões-pipa, que foram recondicionados e restaurados, além de bancar o combustível utilizado. Apenas a água é adquirida de forma gratuita, em pontos de abastecimento da Sanepar.
Entre fevereiro e março, a equipe participou de cursos com os bombeiros voluntários de Caçador, em Santa Catarina, e a brigada de Paulo Frontin foi oficialmente apresentada à comunidade em agosto. Ela é atualmente composta por 25 integrantes, entre médicos, dentistas, mecânicos, pintores, técnicos de enfermagem e motoristas, que se reúnem uma vez por mês para dar orientações, palestras e avaliar o andamento do serviço.
Para acionar a brigada as chamadas são dirigidas ao hospital da cidade, que funciona 24h por dia. Lá eles têm uma lista dos nomes da brigada e então entram em contato. Em média, dez pessoas são acionadas para atender uma chamada. Até o momento a brigada atendeu três ocorrências.
Mário mora em Paulo Frontin com a família, tem um filho de 21 anos cursando Medicina e uma filha de nove.