Os presidentes da Sociedade de Pediatria de Mato Grosso do Sul (SPMS), Alberto Cubel Brull Júnior, do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), Antonio Carlos Bilo, e do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (SinMed), Luzia Santana, concederam coletiva à imprensa nesta quarta-feira (05/08) para falar sobre o atendimento em saúde prestado às crianças e adolescentes em Campo Grande. Os dirigentes apresentaram aos jornalistas a Carta ao Gestor Municipal da Saúde em Campo Grande, documento que traça um diagnóstico das dificuldades enfrentadas pelos pediatras no dia a dia do exercício profissional e que apresenta propostas para garantir um atendimento adequado e de qualidade à população. Entre as propostas, as entidades defendem a inclusão de pediatras no Programa de Saúde da Família (atualmente denominado Estratégia de Saúde da Família), para o monitoramento da população infantil, além de ações de prevenção a doenças. Outra sugestão é a centralização do atendimento pediátrico em quatro dos nove postos de saúde com atendimento de urgência e emergência 24 horas da Capital, garantindo, nessas unidades, atendimento de referência, com equipamentos e materiais necessários ao adequado atendimento, além de profissionais capacitados para atender às crianças e aos adolescentes. O objetivo, segundo o CRM-MS, a Sociedade de Pediatria e o SinMed, é evitar a peregrinação das famílias em busca de atendimento pela cidade. Leia a seguir a carta na íntegra: Campo Grande, 30 de Junho de 2009. Carta ao Gestor Municipal da Saúde em Campo Grande A Sociedade de Pediatria de Mato Grosso do Sul (SPMS), em recente reunião com membros do Sindicato dos Médicos e do Conselho Regional de Medicina, manifestou grande preocupação em relação ao atendimento das crianças e adolescentes de nossa Capital. Com frequência nos deparamos com matérias da mídia demonstrando a falta de pediatras no atendimento na rede publica de saúde. Os postos de saúde que fazem atendimento básico, em sua grande maioria, não possuem pediatras; os chamados 24 horas apresentam escalas incompletas, causando transtorno à população, que não sabe a quem recorrer no caso de necessidade de atendimento de urgência. Os gestores pouco se mobilizam na procura de soluções, se limitando a afirmar que faltam pediatras, que concursos são realizados e que disposição para contratar existe. São respostas muito frágeis, pois em nenhum momento fomos chamados para discutir os problemas. Vale ressaltar que não faltam pediatras, pois no Brasil temos taxas de natalidade e uma proporção de 20 pediatras para cada 100 mil habitantes, semelhantes aos países de primeiro mundo. Com a criação dos PSF, imaginou-se que um médico generalista poderia resolver os problemas dos atendimentos básicos de saúde. A complexidade da medicina torna impossível que um generalista atenda a tudo que se deseja (Ginecologia, obstetrícia, pediatria, clínica médica e gerontologia). Atualmente, no Brasil, existem mais de 40.000 equipes de PSF, com um custo estimado de 4 bilhões de reais por ano. Segundo a ONU, temos o terceiro pior índice de morbiletalidade da América do Sul. Está na hora de mudar a estratégia do programa, com a inclusão de especialistas básicos. O pediatra dedica cerca de 40-50% de seu trabalho à prevenção e promoção de saúde. É o que chamamos de Puericultura. É o pediatra o mais capacitado para prestar atendimento à criança desde o nascimento até a idade adulta. A criança não é um adulto pequeno, é um ser em desenvolvimento, com características próprias, doenças específicas e necessidades únicas que devem ser valorizadas. É grave presenciarmos médicos, sem formação específica na área de pediatria, atendendo nossas crianças nos postos de saúde. No mínimo, a população deveria ser avisada. Pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, no ano de 2006, indicou que 97% dos pais desejam que seus filhos sejam atendidos pelo pediatra e 70% dos pesquisados gostariam de levar seus filhos ao pediatra para assistência médica quando estejam com saúde e não apenas para tratar doenças. A SPMS, junto com a Sociedade Brasileira de Pediatria, entende que a inclusão do pediatra nos PSF, através do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), poderá proporcionar uma resolubilidade de até 80% dos problemas de saúde das crianças, com diminuição significativa da procura por serviços de urgência e emergência. Algumas cidades, como Volta Redonda, Vitória, Natal e Londrina já adotaram a inclusão do pediatra com sucesso. Campo Grande possui nove postos de saúde com atendimento de urgência e emergência 24 horas. Sugerimos que se fixe cerca de quatro postos, estrategicamente localizados, para atendimento de pediatria, com especialistas em todos os horários, com condições mínimas de atendimento (laboratório, exames de imagem e enfermagem treinada no atendimento às crianças), com possibilidade de atualização, com remuneração digna e com possibilidade de crescimento e reconhecimento profissional. Estamos dispostos ao diálogo e entendemos que o que propomos é perfeitamente possível, desde que haja vontade política. Atenciosamente, Alberto Cubel Brull Júnior Presidente da Sociedade de Pediatria do Mato Grosso do Sul (SPMS). Antonio Carlos Bilo Presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS). Luzia Santana Presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (SinMed). (fonte: CRM-MS – 05.08.09)

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