A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará inscreveu nos anais da Casa o artigo Formação de bons médicos especialistas, de autoria do conselheiro federal Lucio Flavio Gonzaga Silva, coordenador da Comissão de Ensino Médico (graduação – pós-graduação – residência médica – educação continuada) do CFM. A análise trata sobre os programas de Residência Médica para a formação de bons médicos especialistas no Brasil e foi publicada na seção Opinião do jornal regional O Povo, em 30 de setembro de 2015.

A proposta de registro no arquivo da Assembleia foi apresentada pelo deputado estadual e clínico geral Fernando Hugo Colares (SD) e aprovada pelo plenário da Casa em discussão única, realizada em 15 de outubro. Confira abaixo a íntegra do artigo do conselheiro federal e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Formação de bons médicos especialistas.

Formação de bons médicos especialistas

* Escrito por Lucio Flavio Gonzaga Silva*

Apesar dos registros históricos antigos (no Egito, havia especialistas em catarata e em doenças respiratórias), o livro de George Weisz que estuda o desenvolvimento da especialização médica na Europa e Estados Unidos afirma ser a especialidade médica um fenômeno dos séculos XIX e XX. Ela surgiu nas grandes cidades como um imperativo social. Paris foi a primeira a desenvolvê-la em larga escala, na década de 1830.

Há duas maneiras de formar médicos especialistas no Brasil: por meio da realização de uma residência médica ou por via da aprovação de provas de título de especialista promovidas pelas sociedades de especialidades médicas, vinculadas à Associação Médica Brasileira.

A Residência Médica (RM) é o padrão ouro. Ela segue o modelo idealizado no Hospital John Hopkins, Baltimore, nos anos de 1880, por Halsted, Osler, Kelly e Welch (ovacionados no quadro de Sargent: os quatro doutores), todos na faixa dos 30 anos, que formaram os fundamentos das residências médicas atuais.

Lembro do tripé do ideal Osleriano (William Osler, que dizia aos residentes: “escute o paciente, ele está dando o diagnóstico a você”): 1) É prioridade do hospital de ensino a formação médica; 2) Os especialistas e residentes pensam juntos o cuidado ao paciente; 3) A forte dimensão moral.

No Brasil, os primeiros programas de Residência Médica foram criados no Hospital das Clínicas de São Paulo, em 1944, e no Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro em 1948. O primeiro programa no Ceará iniciou-se em 1961, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará, craniado pelo professor Haroldo Juaçaba.

A RM é uma modalidade de ensino com objetivo profissionalizante, caracterizada pelo aprendizado em serviço, ou seja, o futuro médico aprende a agir como médico sob a supervisão de profissionais experimentados. Algumas especialidades requerem cinco anos de duração.

Este modelo ideal de formação do médico especialista no Brasil esteve ameaçado recentemente. No entanto, um esforço conjunto das entidades médicas brasileiras, tendo à frente o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, brindou à nossa sociedade e, sobretudo, ao paciente brasileiro, definitivamente, agora na forma de Lei (DL 8516/2015), a garantia da excelência técnica e moral do médico especialista brasileiro.

Devemos erguer as mãos para comemorar esta grande conquista da sociedade brasileira.

* É professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), onde coordena a Comissão de Ensino Médico (graduação – pós-graduação – residência médica – educação continuada.

 
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